Paraná

Chuvas

Moradores de Curitiba sofrem com enchentes que se repetem

Chuvas fortes provocam alagamentos recorrentes. Especialista critica planejamento adotado

Curitiba (PR) |
Alagamentos se repetem em áreas de Curitiba, como o Parolin - Foto: Giorgia Prates

São Pedro não deu trégua para Curitiba nos últimos dias. Com diversos alertas de tempestade, a chuva veio forte na capital do estado, provocando alagamentos em diversos bairros, quedas de árvores, falta de luz, e o velho problema que afeta diversos curitibanos: casas sofrendo com as enchentes.

De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), apesar de desproporcional no Paraná, as chuvas ficaram concentradas na última semana em Curitiba e região, com mais da metade dos 135mm que ocorreram no mês passado caindo nos últimos três dias de maio. O nível de água do Sistema de Abastecimento de Água Integrado de Curitiba está em 89,87%, com três barragens em 100%, segundo a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar).

Apesar de ser um problema natural, por conta das alterações e descontrole do clima, sem planejamento urbano nas regiões que mais sofrem com as chuvas, o drama dos moradores que perdem suas casas e seus pertences nestas cheias continuará, de acordo com especialista ouvida pelo Brasil de Fato Paraná.

Esse é o caso de Sônia Gonçalves, 35 anos, auxiliar de serviços gerais em um hospital e moradora do bairro Parolin, região central da cidade. Sônia mora em uma casa na região com suas três filhas e, volta e meia, quando chove, mesmo que não seja em grande quantidade, precisa se preocupar com possíveis alagamentos.

Durante uma chuva no mês de fevereiro, sua casa, que não fica está, aparentemente, em local que facilmente alagaria, ficou de baixo d’água, obrigando-a a tentar por conta própria fazer uma obra no muro para evitar a enchente.

"A chuva está sendo um problema, agora fiz uma mureta na minha porta e não está entrando em casa, mas parece que a água está entrando por debaixo do muro. É difícil a situação, porque não sabemos se pode romper o asfalto, tenho muito medo disso’’, relata.

A auxiliar ainda revela que outras casas próximas a sua, mesmo quando as chuvas são mais fracas, sempre alagam. “Em princípio tem uma obra que a prefeitura está fazendo no rio, mas já faz há anos. Mais para baixo da minha casa, todas as casas vivem alagadas com qualquer chuva.”

Sônia conta que já perdeu diversos móveis e eletrodomésticos nas cheias. “A minha geladeira queimou o motor, meu sofá chegou a apodrecer, meu guarda-roupa não fazia nem um mês que eu terminei de pagar apodreceu todo. Além de roupas, documentos, foram muitas perdas”, diz.

Falta planejamento

Mariana Auler, do Instituto Democracia Popular, analisa que enquanto Curitiba não tiver um planejamento para canalização de rios e obras de drenagem, o problema deve persistir.

“No cenário atual, o maior problema é de distribuição das obras. No último pacote de obras, foram anunciadas intervenções em bairros como Parolin, mas se você analisar os últimos anos, as obras ficaram mais concentradas em outras regiões centrais. Falta priorização e planejamento onde as populações vulneráveis ficam mais afetadas pela cheia’’, relata.

A prefeitura de Curitiba anunciou, no final de 2021, diversas obras de drenagem para os bairros Cajuru, Centro, Alto da Glória e Bairro Alto, além da Região da Vilas Oficinas.

De forma específica sobre o Parolin, a administração municipal foi perguntada a respeito de intervenções na região, mas até o momento não respondeu à reportagem.

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini