Paraná

Frio

Movimentos pedem abertura de casas de acolhimento 24 horas em Curitiba

Frio ameaça pessoas em situação de rua. Já há morte com suspeita de hipotermia

Curitiba (PR) |
Desde 2021, houve aumento de 50% no número de pessoas em situação de rua em Curitiba, segundo dados do CadÚnico - Foto: Giorgia Prates

Capital mais fria do Brasil, Curitiba registrou queda acentuada nas temperaturas nas últimas semanas. Se, para muitos, foi o momento de tirar os casacos e cobertores do armário, boa parte da população sofreu de forma mais intensa. Desde 2021, houve aumento de 50% no número de pessoas em situação de rua, segundo dados do CadÚnico.

A pandemia piorou o cenário, com cerca de 2,7 mil pessoas ficando sem moradia na cidade, números que podem ser ainda maiores, segundo pessoas que trabalham com essa população.

Com o frio, o risco de óbitos por hipotermia também aumenta, trazendo a necessidade de atendimento em casas de acolhimento por 24 horas, segundo movimentos populares e assistentes sociais ouvidos pelo Brasil de Fato Paraná.

Suspeita de óbito

No último dia 22, uma pessoa em situação de rua foi encontrada morta próximo à Praça Tiradentes, no centro de Curitiba. De acordo com a Polícia Militar (PM), um homem entre 40 e 50 anos de idade teve seu corpo encontrado por policiais e teria morrido por hipotermia. Na madrugada, a cidade chegou a registrar 6,2 graus. O homem, de apelido “Barba”, de acordo com a Fundação de Ação Social (FAS), teria recusado o acolhimento da instituição.

Para Leonildo Monteiro Filho, coordenador do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), o poder público deveria abrir espaços por 24 horas no inverno.

“Não adianta você simplesmente fazer o convite para o morador de rua ir para as casas de acolhimento, tem que convidar a sociedade civil para construir ações efetivas para de fato acolher. Você precisa de serviços que funcionem 24 horas por dia para que o sujeito tenha estrutura de chegar, tomar um banho, um café. As pessoas na rua acabam confiando mais nas pessoas do que no poder público”, critica.

Elza Campos, assistente social aposentada e assessora de movimentos que trabalham com pessoas em situação de rua, analisa que a pandemia agravou a situação.

“Muitos não aceitaram ir para as casas de acolhimento, pois falta humanização. Muitos são trabalhadores e trabalhadoras que foram jogadas na rua por conta da crise, essa é uma realidade bem dura”, revela.

Em nota, a Fundação de Ação Social afirma que a “Prefeitura de Curitiba reforça que equipes da saúde estão acompanhando a FAS nas abordagens, para garantir o suporte necessário”, e que, neste momento, “há 1334 vagas disponíveis, mas o sistema tem capacidade para novas vagas emergenciais”. A FAS ainda destaca que desde o início da Ação Inverno-Curitiba Que Acolhe “sobram vagas nas unidades”.

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini