Paraná

DIREITOS DA EDUCAÇÃO

ARTIGO I Lição de casa para o governo do estado do Paraná: data-base

A educação nunca foi vista como prioridade ou investimento pelo governo, mas Como algo que só gera prejuízo

Curitiba (PR) |
Estão todos os dias em nossas escolas buscando dar o melhor de si para que nossos estudantes encontrem um ambiente limpo e agradável - Giorgia Prates

Já faz mais de seis anos que os(as) servidores(as) públicos(as) do estado do Paraná lutam por garantir o pagamento da data-base em sua integralidade. De Beto Richa a Ratinho Junior, nós, da educação, estamos acumulando perdas salariais que ultrapassam os 35%.

Sabemos que o Estado tem margem para aplicar os reajustes necessários para zerar tais perdas. Mas o que ele prefere fazer? Isentar de impostos grandes empresas e propagandear para a sociedade um falso reajuste salarial aos professores.  

Reajuste esse que se deu com a implantação de uma nova tabela salarial para o magistério no final de 2021, onde apenas uma parcela de profissionais teve incrementos reais em seus proventos. A maior parte dos professores, assim como todos os aposentados e funcionários de escola, foram deixados de fora. Em  janeiro de 2022, houve o pagamento de míseros 3%, já totalmente corroídos pela inflação recorde de 2022. 

Por isso, o pagamento da data-base faz-se necessário e urgente para todos os trabalhadores conseguirem garantir sua subsistência e honrarem com o pagamento de suas contas.  Mesmo em ano eleitoral, o governo ainda tem a prerrogativa de cumprir com essa obrigação até o dia 3 de julho e fazer, de forma decente, sua tarefa de casa.

Para exemplificarmos a situação em que se encontra uma parcela da nossa categoria: hoje, a média salarial de uma funcionária de escola concursada (Agente I) é de R$ 1.700,00. Já uma terceirizada recebe R$ 1.100,00 para 40 horas semanais.

Façamos um exercício simples: O custo da cesta básica em Curitiba registrou um valor de R$ 652,00 no início desse ano; gastos médios com água e luz somam  em torno de R$ 300,00; gás a R$ 105,00. Se tiver que pagar aluguel, somemos mais uns R$ 500,00. Até aqui, os gastos já chegam a R$ 1.557,00. Lembrando que ainda há uma série de outras despesas básicas em nossas vidas como  vestuários, farmácia, telefone... O que sobra para essa funcionária? Escolhas, pois já não há mais cortes a serem feitos. Ou ela escolhe qual conta priorizar e pagar ou qual deixará para o próximo mês.    

Infelizmente, essa é a triste realidade daqueles e daquelas pessoas que estão todos os dias em nossas escolas buscando dar o melhor de si para que nossos estudantes encontrem um ambiente limpo e agradável e uma merenda bem feita e gostosa, quando quem a faz mal tem o que comer em casa.  

A educação nunca foi vista como prioridade ou investimento pelo governo, mas sim como gasto, como algo que só gera prejuízo. Por isso seus trabalhadores continuam a não ter o mínimo reconhecimento. Mas vale lembrar que também são eleitores e em outubro vão às urnas votar. Fica dado o recado. Por este e outros motivos, em assembleia da nossa categoria realizada no dia 27 de maio, deliberamos  também por um dia estadual de paralisação pela data-base, em 21 de junho. Afinal, juntos somos mais fortes.

Edição: Pedro Carrano