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Eles têm medo de mais Renatos

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Seu gabinete é reflexo dessa postura. Estão ali jovens profissionais e militantes negros e negras com sede de construir e apoiar o povo, e não burocratas encastelados em cargos. - Giorgia Prates
Ele mantém o mandato enraizado nas comunidades, sendo referência para a população negra

A primeira imagem que pensei para escrever algo sobre o vereador Renato Freitas (PT), foi recordar dele presente numa ação da cozinha comunitária da Vila Maria e Uberlândia. Enquanto ajudava no trabalho voluntário, de repente o vereador teve que se afastar um pouco, e entrou por ali mesmo, via celular, na sessão plenária da Câmara.

Nada mais natural para quem atua no cotidiano do povo. Advogado criminalista, militante do movimento negro e periférico, quem cresceu em áreas de ocupação da região metropolitana, Renato nunca se rendeu aos cantos de sereia das instituições, que excluem a participação popular.

Antes de entrar no parlamento, já recebia a dura perseguição de outros dois braços do Estado: a guarda municipal e a polícia militar. Detenções, humilhações e racismo, infelizmente, fizeram parte da sua trajetória e luta.

E o vereador nunca deixou de combater essa realidade. Ao contrário, manteve o seu mandato enraizado nas comunidades, sendo referência para a juventude e para a população negra, apontando a necessidade de organização popular.

Seu gabinete é reflexo dessa postura. Estão ali jovens profissionais e militantes negros e negras com sede de construir e apoiar o povo, e não burocratas encastelados em cargos. Ao lado de Carol Dartora, a contribuição dos dois mandatos fez, em pouco tempo, o que a Câmara não fazia há décadas.

A reação dos setores conservadores e de direita da Câmara de Vereadores tem um caráter preventivo. Eles têm medo que o exemplo se multiplique em mais Renatos e Dartoras.

Nas 10 cidades com maior número de eleitores, entre 2016 e 2020, houve aumento da entrada de vereadores negros e negras – um número baixo, de apenas 4%, tendo em vista que, inclusive, as candidaturas da população negra foram maioria. Mas, no contexto brasileiro, de racismo estrutural, e em cidades como Curitiba e Joinville, entre outras, despertou a reação racista da sociedade e do legislativo.

Reafirmo aqui que o Renato advogado, defensor dos direitos humanos, escritor, militante negro e periférico, e seu mandato, são vitais para uma Curitiba que não aprendeu com seus erros históricos.

Edição: Frédi Vasconcelos