Saúde

Desconhecimento da gravidade do sarampo e fake news diminuíram cobertura vacinal

A cobertura de vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola no Brasil caiu de 93,1%, em 2019, para 71,49% em 2021

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Em 2022, até março, foram 14 infectados e 98 casos suspeitos de sarampo - Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O Brasil voltou a registrar casos de sarampo a partir de 2018, quando foram contabilizadas 9.325 infecções. No ano seguinte, o país perdeu a certificação de “país livre do vírus do sarampo”, entregue em 2016 pela Organização Panamericana de Saúde (Opas). No mesmo ano foram registrados 20.901 casos da doença. 

A médica gastroenterologista Elvira Alonso, da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirma que houve uma “falsa percepção” de que não seria mais necessária a vacinação depois de o Brasil ter recebido a certificação de país livre do vírus do sarampo. Soma-se a isso “o desconhecimento da gravidade da doença e as notícias falsas”, levando à atual “baixa cobertura vacinal”. 

A cobertura de vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola no Brasil caiu de 93,1%, em 2019, para 71,49% em 2021, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Agora o país vivencia “um retorno das doenças imunopreveníveis, como sarampo”, afirma Alonso. 

Em 2022, até março, foram 14 infectados e 98 casos suspeitos, segundo os Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Em 2020 foram confirmados 8.448 casos e, em 2021, 668 casos.  

“Em resumo, grande número de crianças não vacinadas, surtos de sarampo e os desvios necessários das atenções para apoiar as respostas à covid-19" são alguns dos fatores que aumentaram a transmissão da doença, levando a casos de complicações. 

“Sarampo é uma doença viral infecciosa grave, altamente contagiosa, que pode ser fatal. Ocasiona febre alta, tosse, coriza e manchas avermelhadas pelo corpo. É transmitida de pessoa, por tosse, espirro ou fala, especialmente em ambientes fechados”, explica. 

“As principais complicações ocorrem principalmente em menores de dois anos de idade, que são vulneráveis, e adultos jovens, podendo causar aparecimento de doenças como pneumonia e diarreia e podendo levar à morte”, afirma Alonso.  

Segundo a médica, para que a transmissão do sarampo seja interrompida, é necessário que 95% da população esteja vacinada. “Portanto, todas as crianças, adolescentes e adultos devem verificar se estão com as doses de vacina em dia”. 

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) está oferecendo a vacina contra o vírus do sarampo, para trabalhadores da saúde e crianças de 6 meses a menores de 5 anos, até o dia 3 de junho.  

Edição: Felipe Mendes