Ceará

Veto a Cultura

Artigo | A arte e cultura são raios de esperança tecendo o amanhã com o fim do bolsonarismo

O veto a Lei Aldir Blac 2 deve ser medo ou retaliação diante do poder da arte que desenvolve pensamento crítico do povo

Fortaleza, CE |
ser feliz de novo
Artistas em vídeo com jingle da pré-campanha de Lula para presidente - Divulgação

Hoje pensei em comentar a indicação das artistas Maria Macêdo, Sy Gomes e Charles Lessa ao Prêmio Pipa, o mais importante prêmio da arte contemporânea brasileira. Mesmo os prêmios sendo marcos de validação na sociedade capitalista neoliberal na qual vivemos, vale destacar que três artistas jovens de nosso estado abriram uma fenda. Vai ter travesti, vai ter mulher negra e bixa do interior fazendo arte sim e de alta qualidade.

Eu também posso partilhar com vocês a participação que as artistas soupixo, Andréa Sobreira e o Grupo Xicra, do nosso Cariri, na exposição Xilografitti no Sesc Consolação, lá em São Paulo. Uma grande exposição coletiva organizada pela Choque Cultural onde são traçadas pontes entre a xilogravura e a arte urbana. Ou ainda, pensei em escrever sobre a participação que soupixo está fazendo na exposição Cartas ao Mundo da artista Bia Lessa, no Sesc Avenida Paulista, na mesma terra da Garoa.

Mas não, ao invés de estar apenas partilhando raios de sol e beleza, tenho que estar aqui combatendo o lado sombrio da força, aquele que tem levado nosso Brasil para um lugar de tristeza, ódio, violência, fome e adoecimento.

Recentemente, tivemos a devastadora notícia de que o presidente do nosso país vetou a Lei Aldir Blanc 2, destinada ao fomento da arte e cultura, previa o repasse anual de R$ 3 bilhões para estados, municípios e Distrito Federal até o ano de 2027. A Lei Aldir Blanc foi criada durante a pandemia para socorrer o setor da cultural nesse que em sido um dos momentos mais difíceis de nossa história, que é a pandemia da Covid-19. Como se não bastasse o estrago que a doença faz, vem o governo e piora, agindo contra o povo e as políticas propostas pelo Congresso para salvar a população e a economia brasileira.

Mas claro, para o atual governo, só se pode salvar a economia dos banqueiros, dos fazendeiros, dos industriais e dos grandes empresários do país, nós trabalhadores não, só merecemos a miséria e a morte. Até porque trabalhamos com algo perigoso, a arte, essa danada que ajuda o povo a desenvolver pensamento crítico, que a faz com que toda a sociedade tenha ferramentas para amadurecer intelectualmente.

Esses 3 bilhões além de injetar dinheiro em todos os municípios do país, não importando seu tamanho, sotaque, região nem nada, injetaria esperança na construção de um país mais culto, com sonhos, com projetos de mudança para o melhor.  De forma lúdica contribuiria para combater todas as formas de violência e desigualdade. Mas seu fulano, que mancha a cadeira de presidente no Palácio do Planalto, não ache que o setor cultural vai ficar calado e parado não!

Num sei se você viu no dia 7, um dia antes do dia das mães, outro sujeito que sofreu o pão que você encareceu e nos roubou, mostrou a força que a esperança tem seguindo como fonte de luz para o povo. Nós, artistas, estivemos no lançamento da pré-campanha do Lula, cantando, fazendo a identidade visual, nos desenhos das bandeiras, no hino brasileiro e em todo detalhe criativo daquele dia que marcou um importante passo na retomada do país para o caminho certo. A esperança está se alastrando e vai vencer. As ruas, as urnas e o povo organizado vão lhe mostrar.

E vamos mostrar isso em todo lugar onde houver uma praga bolsonarista querendo empestiar a plantação de nossos sonhos. Vamos libertar a escola no sul e em qualquer lugar para usar a linguagem neutra e tudo mais que seja para incluir e empoderar o ser humano. Vamos reabrir os museus da diversidade e todos os outros que você vem fechando. Vamos trocar lojas cafonas da Havan por centros populares de cultura como os Cucas e os Dragões do Mar e as bibliotecas públicas. Onde aparecer um soldado bolsonarista aparecerá um levante popular da esperança, com ousadia e alegria, defendendo a democracia e fazendo-a ir mais longe.

*Trabalhador da cultura e militante social.

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

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Edição: Camila Garcia