Paraná

Contra homofobia

Ato vai cobrar justiça pelo assassinato de Lindolfo Kosmaski, nesta sexta-feira (6)

Após um ano do assassinato, o caso continua sem resolução e sem o julgamento dos culpados

Curitiba (PR) |
O primeiro ato por justiça ocorreu em 8 de maio de 2021, com cerca de 200 pessoas - Foto: Joka Madruga

Nesta sexta-feira, (6/05), a partir das 14h30, será realizado ato em memória e por justiça pelo assassinato do jovem camponês, professor, gay Lindolfo Kosmaski. O ato será no Calçadão em frente à Secretaria de Educação, no centro de São João do Triunfo, região sul do Paraná, cidade onde Lindolfo morava e trabalhava.

A mobilização vai reunir familiares, amigos, professores e estudantes do colégio em que Lindolfo trabalhava, organizações e militantes de movimentos populares. O caso continua sem resolução e sem o julgamento dos acusados.

No último domingo, dia 1 de maio, fez um ano do assassinato de Lindolfo, na época com 25 anos, camponês, gay e professor que foi brutalmente assassinado. Seu corpo tinha marcas de tiros e foi carbonizado, comprovando mais um crime de ódio contra um LGBT.


Uma cruz de cedro foi fixada próximo ao local onde o corpo do jovem foi encontrado carbonizado / Foto Joka Madruga

O mês de maio é marcado pela luta contra toda forma de violência, e o dia 17 de maio é o Dia Internacional de luta contra a LGBTfobia.

O assassinato do Lindolfo não é um caso isolado. Segundo levantamento do grupo Acontece Arte e Política LGBTI+ e Grupo Gay da Bahia, divulgado no dia 14 de maio, em 2020 houve o registro de 237 mortes violentas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Foram 224 homicídios (94,5%) e 13 suicídios (5,5%), e aumento de travestis assassinadas. Ao todo, registraram-se mortes de 161 travestis e mulheres transsexuais (70%), 51 gays (22%), 10 lésbicas (5%), 3 homens transsexuais (1%), 3 bissexuais (1%) e 2 homens heterossexuais confundidos com gays (0,4%).

Vida de Lindolfo

Lindolfo nasceu no dia 11 de setembro de 1995, no município de São João do Triunfo, no estado do Paraná, em uma comunidade camponesa de pequenos agricultores e agricultoras chamada Coxilhão de Santa Rosa.

Sempre muito estudioso, em 2014, após terminar o ensino médio, participou da Jornada de Agroecologia na Escola Milton Santos (EMS), que é um centro de formação do MST, no município de Maringá-PR. Também tinha o sonho de cursar medicina, e decidiu atuar na Escola Latina Americana de Agroecologia (ELAA), na Lapa/PR. Ali fez curso de agroecologia e licenciatura, consolidando sua paixão pela agroecologia e Educação do campo.

Em 2015, fez o curso de Licenciatura em Educação do Campo, Ciências da Natureza com ênfase em Agroecologia em parceria com a ELAA e a UFPR/Setor Litoral. Neste período, conhece o MST e passa a participar das atividades, se reconhece como gay e começa a participar do Coletivo LGBT do Movimento.

Em 2018, ao concluir o curso, volta para sua comunidade, em São João do Triunfo, e continua os estudos no Programa de Pós Graduação em Ciências e Matemática, na Universidade Federal do Paraná. Dois anos depois, em 2020, concorre a vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT), para tentar contribuir com a sua comunidade. Nesse período também atuava como professor da Rede Estadual de Ensino do Paraná em quatro escolas.

Edição: Lia Bianchini