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Futebol masculino

Coluna | A (indecente) desigualdade de renda também afeta o futebol

Distância entre mais pobre e mais ricos só cresce na vida e no esporte

Curitiba (PR) |
Coluna da edição 254 do Brasil de Fato Paraná - Divulgação

No final de 2021, o site da emissora CNN Brasil divulgou o “Relatório de Desigualdade Mundial”, resultado de mais de quatro anos de trabalho de mais de 100 pesquisadores. Nele, está que: “Os 10% mais ricos da população global controlam 76% da riqueza mundial em 2021... Em contraste, os 50% mais pobres possuem apenas 2%. Os 40% médios, por sua vez, possuem 22%... Quando se trata de receita, os 10% mais ricos capturam 52% da receita global, enquanto os 50% mais pobres ganham apenas 8%. Os 40% intermediários perfazem 39%.”

Como parece que a maioria das pessoas desconhece ou não se escandaliza com esses números, é bom trazer a realidade para sua paixão, o futebol, onde a desigualdade fica também cada dia maior.

Para ter ideia, o time mais rico do mundo na temporada 2020-2021, o Manchester City, sem a compra e venda de jogadores, faturou cerca de 3,5 bilhões de reais. Isso mesmo, com B, o equivalente a 3,5 mil milhões. Real Madrid, Bayern de Munique, Manchester United e Paris Saint-Germain também estão na lista dos que faturam mais de R$ 3 bilhões. Significa que, por muito tempo, virão aqui no Brasil e no resto do mundo levar os melhores jogadores, inclusive as revelações do seu time.

O brasileiro mais rico, o Flamengo, teve no ano passado faturamento recorde, de pouco mais de 1 bilhão de reais, seguido pelo Palmeiras, com 863 milhões. Se a concorrência com os maiores europeus é difícil para os dois, no Brasil, o fosso é praticamente intransponível até para times como o Corinthians, com a segunda maior torcida do país, e com faturamento na casa dos R$ 448 milhões. Ou São Paulo, antes considerado modelo de administração, mas que faturou pouco mais de R$ 400 milhões no ano passado.

Pior ainda para os times da série A mais pobres, com orçamentos inferiores a R$ 100 milhões/ano, ou para os da Série B, C, D ou os sem série, que não têm nem campeonato para disputar em boa parte do ano. A esses, como os mais pobres no mundo, que ficam com 2% da riqueza, só sobra a esperança de que um dia a situação comece a mudar.

Edição: Lia Bianchini