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Justiça

Caso Gustavo: família e amigos protestam contra demora em investigação

Ato será realizado neste sábado, 16, às 16 horas, em Samambaia

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Gustavo tinha 17 anos, estava no Ensino Médio e trabalhava em uma hamburgueria. - Foto: Arquivo pessoal

Há 76 dias, familiares e amigos de Gustavo Henrique Soares Gomes, de 17 anos, morto por um policial militar em Samambaia, aguardam por uma resposta da Polícia Civil do Distrito Federal sobre o caso.

Com a demora na conclusão do caso e na responsabilização dos culpados, a família, amigos, movimentos sociais e a comunidade vão realizam neste sábado, 16, um ato para pedir celeridade na investigação e justiça por Gustavo.

A concentração será, às 16h, na Feira Permanente da Samambaia Norte e seguirá em passeata até a 26ª Delegacia, unidade que investiga a morte do jovem.

Gustavo foi atingido por um disparo de arma de fogo enquanto estava na garupa de uma moto. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o jovem teria furado um bloqueio policial e ao ser abordado e teria feito um gesto semelhante ao de sacar uma arma. A família contesta a versão da polícia.

:: Família aguarda justiça para jovem morto por PM em Samambaia ::

Em nota publicada nas redes sociais, a articulação Pelas Vidas Negras – DF ressalta que a versão apresentada é mais “uma tentativa de colocar o jovem negro como bandido, porém as filmagens e testemunhas evidenciam que não tinha arma. Nada justifica o tiro que Gustavo recebeu, a não ser intenção de matar por puro preconceito e despreparo” aponta.

A Assessoria da Polícia Civil do DF informou ao Brasil de Fato DF que “a autoridade policial irá se manifestar apenas após a conclusão das investigações”.

O advogado da família, Raphael Souza e Sá, disse que “um grupo de profissionais da advocacia tem acompanhado de perto o trabalho da Polícia Civil”.

No entanto, o acesso às informações relativas ao inquérito está sob sigilo, “tendo em vista que o delegado responsável entendeu ser necessária tal decisão, a fim que colher novas provas, mais robustas, que eventualmente podem fundamentar a prática de delito por parte do policial” destaca.

Para Sá, “as investigações de fato poderiam ter sido finalizadas. Todavia é complexo analisar e julgar o trabalho da Polícia Civil, sendo que é de conhecimento de todos o descaso do nosso Estado com a segurança pública, que por muitas vezes sofre inclusive com a falta de servidores e até de estrutura. O delegado ainda está dentro do prazo para finalizar as investigações e esperamos que o policial seja indiciado”.

De acordo com o advogado, o objetivo e se fazer justiça e “não deixar mais um caso de uma pessoa preta, humilde e marginalizada pela sociedade cair no esquecimento”.

Violência policial

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021 aponta que as mortes decorrentes de intervenções policiais no país aumentaram 12,8%, em 2020. O documento frisa que as políticas de segurança pública construídas em 2018, por meio do Sistema Único de Segurança Pública – SUSP, foram negligenciadas pela gestão Bolsonaro.

“No plano político, o presidente Bolsonaro não está preocupado com a cooperação ou eficiência técnica do trabalho policial. Ao contrário, tem estimulado a ampliação de padrões operacionais pautados no confronto e na guerra (ampliação da excludente de ilicitude, elogios a operações com resultado morte)” afirma o anuário.

No Distrito Federal, nos anos de 2019 e 2020, foram registradas, respectivamente, 8 e 11 mortes decorrentes de intervenções de Policiais Militares e Civis. Os dados registram ações efetuadas durante o serviço e fora de serviço.

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Edição: Flávia Quirino