Ronda política

Senado mira ônibus superfaturados, rede de fake news de militares e Jair Renan depõe

No Senado, Marcelo Ponte negou que o governo tenha recuado após risco de sobrepreço dos veículos ser divulgado na mídia

Brasil de Fato | Cataguases (MG) |

Ouça o áudio:

Bolsonaro durante entrega de ônibus escolares; Ministério da Educação é alvo de nova denúncia de corrupção - Divulgação/Ministério da Educação

Na contramão dos documentos internos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional (FNDE), o presidente do órgão, Marcelo Ponte, disse à Comissão de Educação no Senado, durante depoimento nesta quinta-feira (7), que não houve superfaturamento da licitação para compra de ônibus escolares. Segundo ele, todas as recomendações dos órgãos fiscalizadores foram seguidas, garantindo "lisura" aos processos. Ele também tentou negar que o governo recuou e reduziu as cotações dos veículos apenas na véspera do leilão, após o caso ser revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

"Nós seguimos todas as recomendações da CGU e seguimos acatando as determinações de controle, em especial o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU), assegurando desta forma a lisura de todos os nossos processos", disse. "Me reuni diversas vezes com as áreas responsáveis pela licitação e tive também a segurança técnica e legal que o processo percorreu todas as fases previstas na legislação", continuou.

Apesar das declarações, os relatórios internos do FNDE mostram o oposto. O valor inicial sugerido pela área técnica da pasta para a aquisição dos coletivos era de R$ 1,3 bilhão. A equipe do diretor de Ações Educacionais do Fundo, Garigham Amarante apresentou uma estimativa de preços de R$ 2,082 bilhões para o pregão. 

De acordo com a reportagem, após alertas da CGU, os dirigentes mudaram a metodologia de cálculo, mas o cenário pouco se alterou. O valor máximo da licitação passou para R$ 2,045 bilhões e foi liberado por Marcelo Ponte em 18 de março.

Questionado pelos senadores sobre a mudança, Ponte disse que o ajuste para reduzir os valores do pregão havia sido feito antes de o caso vir a público. "A republicação já foi com 1,5 bi também. A republicação já saiu com 1,5 bi", disse. "Salvo engano, 24 ou 25 de março, oito dias antes do pregão que ocorreu na terça".

O processo administrativo do próprio Fundo, no entanto, aponta que a alteração ocorreu apenas na véspera da licitação dos ônibus, em 4 de abril, após a publicação da matéria.

Em live, na noite desta quinta, Bolsonaro comentou o caso: “‘Ah, é fruto do jornalismo investigativo’. Investigativo pipoca nenhuma, rapaz. Bando de sem vergonha, jornalistas. Não investigam nada”, afirmou. 

Facebook derruba contas de militares do Exército brasileiro

O Facebook informou, nesta quinta-feira (5), que identificou e derrubou uma rede de perfis e contas ligadas a dois militares do Exército brasileiro que executava uma operação de desinformação sobre temas relacionadas à Amazônia.

Um relatório produzido pela empresa de inteligência digital Graphika, que fez uma investigação independente a partir dos dados fornecidos pelo Facebook, mostrou que os perfis criados pela dupla criticavam a atuação de organizações não-governamentais e elogiavam a ação do Exército no combate ao desmatamento da região amazônica. 

"Embora as pessoas por trás tentassem esconder suas identidades e coordenação, nossas investigação encontrou vínculos com indivíduos associados ao Exército Brasileiro", diz a Meta, holding que controla o Facebook. Os relatórios também não dizem se a ação da dupla agiu sozinha ou a mando de alguém.

Jair Renan nega fazer parte do governo Bolsonaro

O segundo filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan, prestou depoimento à Polícia Federal, nesta quinta-feira (7), após ser intimado por suposto tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Após a oitiva, ele disse que não faz parte do governo de seu pai e negou as acusações.

Ao lado do advogado Frederick Wassef, Jair Renan disse estar "revoltado" com as insinuações. "Eu me sinto revoltado com tudo isso que tá acontecendo. Nunca recebi nenhum cargo, nenhum dinheiro, nunca fiz lavagem de dinheiro, e estão tentando me incriminar numa coisa que não fiz", afirmou em entrevista ao SBT.

De acordo com as investigações, Jair Renan teria recebido propina de empresários interessados em negócios no governo. A polícia apontou que o filho "04" de Bolsonaro tem ligações com outros investigados no recebimento de vantagens de empresários, com interesses, vínculos e contratos com a Administração Pública. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho