Distrito Federal

Direitos Humanos

'Caminhada do Silêncio' lembra horror da ditadura e homenageia mortos e desaparecidos

Golpe de 1964 iniciou um regime autoritário que censurou, torturou e matou milhares durante 21 anos

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Cerca de 8 mil indígenas e 434 dissidentes do regime foram mortos ou desaparecidos durante o regime
Cerca de 8 mil indígenas e 434 dissidentes do regime foram mortos ou desaparecidos durante o regime - Paulo Pinto / Fotos Públicas

Há exatos 58 anos, o golpe civil-militar mancaria para sempre a história do Brasil. Ao longo de 21 anos, a ditadura liquidou com a democracia e violou sistematicamente os direitos humanos.

Cerca de 8 mil indígenas e 434 dissidentes do regime foram mortos ou desaparecidos durante o regime, segundo dados da Comissão Nacional da Verdade. Pelo menos dezenas de milhares de pessoas foram detidas e torturadas durante este período. O Congresso ficou fechado por um tempo, mandatos foram cassados e a censura aos meios de comunicação foi imposta arbitrariamente.

:: Nos 58 anos do golpe, Caminhada do Silêncio repudia violência de Estado e impunidade ::

Para homenagear os mortos e desaparecidos da ditadura militar brasileira, entidades da sociedade civil realizam, nesta quinta-feira (31), mais uma edição da "Caminhada do Silêncio". A marcha ocorrerá em diversas capitais.

Em Brasília, o encontro está marcado para as 17 horas, no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes. A marcha deve parar em frente ao Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).   


Marcha vai percorrer os principais centros do poder político do país para homenagear mortos e desaparecidos da ditadura / Reprodução

"Essa caminhada do silêncio é uma homenagem a todas as pessoas que deram sua vida na luta contra a ditadura e hoje são lembradas por aqueles que estiveram ao lado delas, e por pessoas mais jovens, mas que também abraçam a causa da democracia, da liberdade e da justiça social. Nós levaremos velas e flores para homenagear os nossos combatentes que se foram e pra mostrar o nosso repúdio à violência do Estado, que continua a acontecer hoje sobre populações negras, indígenas e pessoas orientação sexual diferenciada", afirma Betty Almeida, integrante do Comitê por Memória Verdade e Justiça do DF e do movimento Geração 68.

:: Era possível ter derrotado o golpe em 1964? ::

Ela é autora de Paixão de Honestino, biografia de Honestino Monteiro Guimarães, publicado pela Editora Universidade de Brasília em 2016. Guimarães foi um líder universitário que combateu a ditadura, foi torturado e desapareceu. Seus restos mortais jamais foram encontrados.

No DF, a iniciativa conta com o apoio e organização do Setorial Nacional dos Direitos Humanos do PT, Setorial dos Direitos Humanos do PTDF, Secretaria de Formação do PTDF, Secretaria de Movimentos Populares do PTDF, Setorial Inter-Religioso, Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Vida e Juventude, Observatório da CBJP, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs - CONIC, Comissão de Justiça e Paz do DF – CJP-DF, Associação Vida e Justiça do DF, Núcleo Base Marisa Letícia do Congresso Nacional, NDD Margarida Alves, Movimento de 68.

Revisionismo

A marcha também será um contraponto à postura totalmente revisionista patrocinada pelo governo Jair Bolsonaro, que ao longo dos últimos quatro anos tem feito manifestações em celebração à ditadura militar. Na mais recente delas, divulgada nesta quinta, 31, pelo Ministério da Defesa, por meio de uma Ordem do Dia (mensagem às tropas), o governo voltou a falsear a história dizendo que o regime "salvou" o Brasil, "fortaleceu a democracia" e "pacificou" o país.

:: Forças Armadas celebram golpe de 64 em nota: "Legado de paz, de liberdade e de democracia" ::

A deposição do então presidente João Goulart, que ascendeu democraticamente ao poder, ocorreu num momento em que não havia qualquer ameaça de ruptura no país. Militares e empresários da elite econômica tomaram o poder para interromper reformas de base que trariam maior justiça social ao Brasil, como a reforma agrária. 

O texto é assinado pelo agora ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, o almirante Almir Garnier Santos, comandante da Marinha; o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, comandante do Exército, agora novo ministro da Defesa, além do tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, comandante da Aeronáutica.

:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::

Edição: Flávia Quirino