Paraná

Educação

Alunos da rede pública do Paraná se recusam assistir aulas terceirizadas

Governo do Paraná substituiu professores da rede por universidade privada

Paraná |
Alunos organizaram um movimento chamado “Não às aulas a distância da Unicesumar”, com páginas nas redes sociais. O intuito é mobilizar outras escolas. - Divulgação

Estudantes dos cursos técnicos de ensino médio das escolas estaduais do Paraná têm se recusado a assistir aulas à distância terceirizadas da Unicesumar, universidade privada contratada pelo governo estadual. Eles querem de volta as aulas com professores da rede pública de ensino, em sala de aula. O governador Ratinho Jr decidiu arbitrariamente substituir os docentes de disciplinas técnicas por aulas da universidade, num contrato de R$ 38,4 milhões. Com a mudança, os estudantes devem assistir aulas pela TV, ministradas por um professor da Unicesumar, à distância, para dezenas de turmas por vez.  

Alunos do Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto, em Cascavel, e também do Colégio Estadual Leonardo da Vinci, no município de Dois Vizinhos, nos horários que as aulas são veiculadas, deixam as salas como forma de protesto. Inclusive, já organizaram um movimento chamado “Não às aulas a distância da Unicesumar”, com páginas nas redes sociais. O intuito é mobilizar outras escolas. 

Professores em sala  

Organizadoras do movimento em Cascavel, as alunas Luana e Bela, em vídeo nas redes sociais, explicaram que o novo ensino médio não está sendo bom para os alunos. “Diferentemente do que o governo está falando, que não tem professor, em nosso colégio temos excelentes professores para dar essas aulas. Então, até que essa situação seja revertida, estamos saindo da sala na hora das aulas a distância e estamos ficando no refeitório lendo e estudando”, disseram. 

Não estamos aprendendo  

Camile Brustolin, estudante do curso Técnico de Desenvolvimento de Sistemas do Colégio Leonardo da Vinci, diz que a mudança está afetando sua aprendizagem. “Teremos consequências com essa mudança, que não foi dialogada com os alunos. Além disso, tivemos a pandemia com aulas remotas que já nos prejudicaram bastante. Não conseguimos visualizar os slides que passam na TV e nem conseguimos escutar direito. Ou seja, não estamos aprendendo nada. Temos professores na escola que podem dar essas aulas”, afirma. 

A mobilização tem o apoio de pais e mães, preocupados com a formação dos estudantes. É o caso de Célia Ianoski, mãe de Clara Gabrieli Ianoski Mota, aluna do curso técnico de Administração. “Eu apoio esse movimento. Nossos filhos precisam de ensino de qualidade, não de faz-deconta”, justifica. Célia relata que na semana passada, após mobilização dos alunos, foi realizada reunião do Núcleo e da Unicesumar com a comunidade escolar.  “Teve bastante dificuldade de entendimento, pois quiseram passar uma situação que deve estar acontecendo em outro país, pois a nossa realidade não é”, conta a mãe. 

Em nota, a assessoria da Secretaria de Estado da Educação (SEED) disse que “a Seed-PR) está em diálogo com a direção da escola, com os professores e com os alunos. A partir do diagnóstico, a pasta agirá de maneira a contemplar a comunidade escolar e garantir o direito à educação.” 

 

Edição: Frédi Vasconcelos