Paraná

DESMONTE DO PAÍS

ARTIGO. A política de terra arrasada de Jair Bolsonaro

Não surpreende que nesta semana ressurja no site do governo uma pesquisa que requenta a privatização dos Correios

Guarapuava (PR) |
"Governo Bolsonaro tem tornado a vida do povo ainda mais difícil, atingindo, principalmente, as mulheres da classe trabalhadora", apontam movimentos - Facesp/Reprodução

Nos últimos meses de um governo que ficará conhecido na história pelos crimes que resultaram em mais de 650 mil mortos, Bolsonaro escancara a porteira para tentar manter o pouco apoio que lhe resta.

Em outra semana melancólica, em que sua candidatura à reeleição patina sobre fina camada que derrete sob o calor do radicalismo de sua base raivosa, Bolsonaro avança lado a lado com seus cúmplices na Câmara dos Deputados sobre o que resta das garantias de preservação das terras indígenas e reservas ecológicas.

Avança até mesmo sobre aqueles que durante os três primeiros anos do governo pareciam intocáveis, como, por exemplo, os acionistas da Petrobras, cujos lucros sangraram ano a ano a competitividade da nossa malha logística.

Nesse ponto é interessante notar que mais um general-de-quatro-estrelas sairá desmoralizado, desta vez da presidência da estatal de energia – afinal foram inúmeras declarações do militar afirmando que lá estava para a defesa incondicional dos acionistas.

Noutro campo, medidas como a assinatura do decreto que regulamenta a distribuição de absorventes, cujo projeto de lei foi vetado em 2021, deixa escancarada a face mais hipócrita do oportunismo eleitoreiro e da desavergonhada atuação da sua máquina midiática – em boa parte paga com recursos públicos.

Seus pacotes de benefícios, em geral um apanhado de medidas cínicas, beiram a extrema desfaçatez.

A liberação de recursos do FGTS, outra medida anunciada esta semana com grande alarde; na prática libera recursos do próprio trabalhador para que este possa pagar dívidas que contraiu em consequência da crise criada pela incompetência do governo.

Tratam-se de medidas desesperadas de um governo que tentou, de forma incompetente e criminosa, surfar nas benesses do neoliberalismo legitimado pelo apoio dos radicais de direita, o resultado desse “modus operandi” será sentido por décadas.

Bolsonaro, cuja artilharia dispara para todos os lados de forma frenética, assemelha-se aos “ataques cirúrgicos” que atingem no Brasil escolas e hospitais, idosos, crianças e mulheres – seus alvos preferenciais, e tal e qual na Palestina, Afeganistão, e até mesmo na Ucrânia.

Não surpreende que nesta semana ressurja no site do governo uma pesquisa que requenta o projeto de privatização dos Correios, emperrado no Senado que, ao contrário da subserviência da presidência da Câmara não se curvou aos absurdos de um projeto que na prática cria um monopólio privado pago por toda sociedade.

Bolsonaro tem por objetivo entregar somente escombros ao seu sucessor, pois sabe serem ínfimas suas chances de reeleição, de fato, seu principal objetivo é assegurar um doce exílio em um país qualquer que não o extradite para o Brasil ou o entregue ao Tribunal de Haia.

Restam pouco mais de 300 dias para o fim de um pesadelo, e é cada vez mais urgente que a sociedade se mobilize para impedir que essa política de terra arrasada prossiga.

 

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Pedro Carrano