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R$ 5,50 é um assalto: tarifa zero já!

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Ato no dia 3 de março no centro de Curitiba questionando o aumento abusivo da passagem na capital - Giorgia Prates
Para onde foi todo esse dinheiro se o sistema não melhorou e a tarifa não baixou?

Na contramão de outros municípios paranaenses, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, autorizou um aumento absurdo de 22%, de uma só vez, na passagem de ônibus da cidade. De R$ 4,50, a tarifa passou para R$ 5,50, desde o dia 1º de março.

Ao lado de Brasília (DF), é a tarifa mais cara entre as capitais brasileiras. Isso é um assalto, um ataque no direito da classe trabalhadora ter acesso ao transporte.

Para um assalariado ir ao trabalho e voltar para casa no mês, a passagem com o aumento do Greca vai consumir cerca de 1/4 da sua renda mensal. Se essa pessoa pagar aluguel e comprar uma cesta básica, não sobra mais nada. Outro efeito desse aumento é a redução do número de passageiros, situação que, mais uma vez, vai levar as empresas a alegarem suposto prejuízo e pedirem mais dinheiro da prefeitura.

Já em Maringá, a tarifa baixou de R$ 5 para R$ 4. Em Londrina a redução foi de R$ 4,25 para R$ 4. Em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, o valor da passagem teve seis reduções nos últimos anos. De R$ 4,25 no começo de 2018, agora o preço está em R$ 1,70 e os usuários ainda não pagam aos domingos, têm isenção para estudantes, além de ônibus com wi-fi e tomada para recarregar celular.

Em todas essas cidades, a diminuição foi possível com aporte de recursos públicos. Mas, ao contrário do que ocorre na capital, a medida resultou em benefício direto para os usuários, com valor de tarifa menor e melhorias na qualidade do serviço. Enquanto isso, o que tem acontecido em Curitiba é demissão de cobradores, redução de ônibus e superlotação.

Segundo o presidente da Urbs, durante fala na Câmara Municipal para tentar justificar o aumento autorizado pelo prefeito Greca, para termos tarifa zero em Curitiba seriam necessários R$ 900 milhões. Mas cerca de metade desse valor é a quantia que já foi repassada às empresas durante a pandemia. Para onde foi todo esse dinheiro se o sistema não melhorou e a tarifa não baixou?

Considerando os milhões de recursos públicos que Greca destinou nos últimos meses para os donos das empresas que operam o sistema, a tarifa em Curitiba deveria ser gratuita. O valor da passagem precisaria baixar, ao invés de subir. É preciso, portanto, inverter a lógica dessa gestão, que não prioriza os usuários, a população, mas somente os donos dos ônibus, seus lucros e interesses. Tarifa zero já!

 

Edição: Pedro Carrano