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PMs pedem reposição salarial e alteração em subsídio ao governo do Paraná

Policiais acamparam em frente à Assembleia Legislativa e vaiaram governador Ratinho Júnior

Curitiba (PR) |
Representante dos praças relata que policiais estão com salários defasados e há cansaço na tropa em relação a condições de trabalho e remuneração - Foto: PMPR

Soldados da Polícia Militar estão em queda de braço com o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Praças articulados em associações e no grupo Praças Unidos do Paraná reivindicam reposição salarial acima da inflação e melhores condições na tabela de subsídios.

Para os representantes dos praças, sargento-cabo Carlos do Paraná, policiais estão com salários defasados e há um cansaço na tropa em relação a condições de trabalho e remuneração. “O Paraná tem a pior tabela salarial do país”, critica.

O grupo pede alterações na política salarial aprovada em 2012, com a implementação de carreira única para policiais e bombeiros. No início de fevereiro, o governo do estado, via secretaria de administração, anunciou uma revisão na tabela de subsídios salariais para os praças. Foi feita também proposta de criação de grupo de trabalho para discutir o tema.

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A luta por subsídios salariais e plano de carreira é antiga na Polícia Militar e remonta à “greve das esposas”, em 2001. A discrepância salarial entre a carreira dos policiais militares, de acordo com o pesquisador da área e sociólogo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Henri Francis, é grande.

“Hoje em dia, os oficiais que estão em fim de carreira ganham salários de secretário de estado, entre 10 mil e 20 mil reais”, conta o pesquisador, que foi bombeiro entre 2005 e 2017 e um dos fundadores da União das Praças do Corpo de Bombeiros (UPCB).

Já para o representante do Praças Unidos Paraná, apesar de reconhecer o canal de diálogo com representantes do Estado, as propostas feitas pela categoria não foram adiante com o atual governo. “Por que os funcionários do Tribunal de Contas do Estado, por exemplo, têm seus salários reajustados, assim como sua planilha de subsídio, e nós, praças, não temos?", questiona.

O deputado estadual Soldado Fruet (PROS) tem acompanhado as discussões junto ao movimento e ao governo do Paraná e questiona a representatividade de quem rediscute a carreira. Para ele, falta maior participação da base dos policiais.

“Apesar do anúncio da criação do grupo de trabalho, cobrei em plenário maior representatividade dos praças, já que representam 65% da tropa e são os que mais precisam de melhorias na remuneração, mas eles estão representados por apenas um membro, contra sete do governo, que nada mais farão que cumprir a vontade do governador. Como esse grupo vai refletir o anseio dos praças se a representação deles é desproporcional?”, indaga.

O parlamentar critica o governador por não ter honrado compromissos com a PM. “Lamentavelmente, Ratinho não honrou sua promessa de campanha de valorizar os servidores, especialmente na Polícia Militar. A categoria não aguenta mais promessas vazias, descaso, um governo que desrespeita quem arrisca sua vida para proteger os paranaenses, que cortou direitos como o da licença-prêmio, que caloteou a data-base e só fez aumentar a defasagem salarial dos seus trabalhadores.”

Na semana anterior ao Carnaval, ao visitar o município de Cornélio Procópio, Ratinho Jr. chegou a ser vaiado por manifestantes que estavam no local. Dias depois, chegou a trocar o comando do 18º Batalhão da Polícia Militar da cidade, mas, após críticas, resolveu voltar atrás.

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Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini