Paraná

Eleições 2022

Artigo | A verdade vai vencer as fake news?

Para 2022, a máquina de propagação de fake news está mais estruturada, com diversas redes descentralizadas

Curitiba (PR) |
Artigo da edição 246 do Brasil de Fato Paraná - Charge: Helô D'Angelo

Numa conversa, ouvi: “Com a verdade, vamos vencer as fake news”. Na hora, me veio à cabeça Geraldo Vandré: “E acreditam nas flores vencendo o canhão...” À época, os canhões venceram e a ditadura durou mais de 20 anos.

Sobre a verdade vencer, em pesquisa publicada em 2018 na revista Science, os cientistas sociais Soroush Vosoughi, Deb Roy e Sinan Aral, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), mostraram, após analisar 126 mil informações, divulgadas por três milhões de pessoas, nos Estados Unidos, que: ”Cada postagem verdadeira atinge, em média, mil pessoas, enquanto as postagens falsas mais populares... atingem de mil a 100 mil pessoas.”

No mesmo estudo, os efeitos: “Foram mais pronunciados para notícias políticas falsas do que para falsas notícias sobre terrorismo, desastres naturais, ciência, lendas urbanas ou informações financeiras.” E essa propagação não foi feita por robôs, “eles aceleraram a propagação de notícias verdadeiras e falsas na mesma proporção, sugerindo que as falsas notícias se espalham mais do que a verdade porque os humanos têm maior probabilidade de disseminá-las.”

Para quem se horrorizou com as eleições de 2018, e as mentiras nos grupos de WhatsApp da família, há grande possibilidade de sentir saudade desses tempos. A máquina de propagação de fake news está mais estruturada, com diversas redes descentralizadas, e a criação de grupos com milhares (ou milhões) de pessoas no Telegram. Numa eleição geral, não faltarão recursos de empresários para disparos em massa a partir de outros países, sem possibilidade de fiscalização.

A campanha de Lula fala em criar cinco mil comitês físicos de campanha em todo o Brasil. Ótima estratégia, mas há a necessidade de criar também comitês virtuais e grupos em rede capazes de chegar em cada família com mensagens produzidas, atrativas e fáceis para mitigar o veneno da mentira.

*Frédi Vasconcelos é jornalista, mestre em Linguagens pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e pesquisador sobre fake news.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato

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Edição: Lia Bianchini