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‘Tempo político’ conspira contra Putin — fatos recentes da guerra Rússia-Ucrânia

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Vladimir Putin realizou movimento de altíssimo risco na madrugada de 24 de fevereiro, ao comandar um ataque militar unilateral à Ucrânia - Yuri Kochetkov/AFP
A ofensiva militar do exército russo não provocou, até o momento, o colapso da estrutura ucraniana

1. A Ucrânia resiste e se unificou em torno do governo de extrema direita de Zelenski. Não funcionou o apelo de Putin aos generais ucranianos para que derrubassem o governo;

2. A ofensiva militar do poderoso exército russo não provocou, até o momento, o colapso da estrutura estatal ucraniana;

3. A abertura de negociações no quinto dia do conflito significa uma vitória simbólica e política do governo da Ucrânia;

4. Putin começa a sofrer forte pressão dos oligarcas russos, dos donos do dinheiro, que temem as duras e gravosas medidas financeiras anunciadas pelo EUA e a União Europeia;

5. No front político, Putin segue isolado da imensa maioria das nações e nos fóruns internacionais. Cresce, na Europa, a condenação da guerra. Também no interior da Rússia, apesar da repressão e da censura, manifestações foram registradas nas principais cidades do país, de rechaço da guerra, apelando para a paz imediata;

6. A China demonstra muita cautela e certo condicionamento político diante da ação agressiva de Putin — inclusive o alerta de “prontidão nuclear”, foi interpretado como uma ameaça da possibilidade de uso de armas nucleares (nem na crise dos mísseis soviéticos instalados em Cuba, a retórica chegou a tal ponto entre a então URSS e os Estados Unidos). O mesmo comportamento é revelado pelos demais países dos Brics — inclusive o Brasil. Vide votação no âmbito da ONU.

7. As forças de esquerda e progressistas no mundo, amantes da paz, em sua maioria e matizes, rejeitam a continuidade do conflito e defendem o fim das hostilidades, uma saída negociada — com base no direito internacional e no princípio da autodeterminação dos povos.

8. Questões em aberto: Desdobramentos das negociações iniciadas: cessar-fogo imediato, proteção das populações afetadas e deslocadas pela guerra, definição sobre política/legitimação das regiões separatistas no leste da Ucrânia – em particular de Donetsk e Luhansk e o alcance das sanções sobre a Rússia. Além disso, a questão central, motivo da ação bélica de Putin: o fim da expansão da Otan em direção à fronteira russa.

Portanto, nos próximos dias, com o prolongamento do conflito, o presidente Vladimir Putin poderá sofrer sérios danos políticos, o que ameaça a continuidade do projeto ultranacionalista do bloco dominante que comanda aquele imenso país em quase três décadas.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Edição: Pedro Carrano