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Classe trabalhadora: sujeito ou objeto?

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Levante Popular da Juventude,cartaz Fora Bolsonaro
Ato Fora Bolsonaro - Porto Alegre (RS) 02/10/21 - Victor Freine - Levante Popular da Juventude
Como vamos nos reconhecer enquanto classe trabalhadora, oprimida e explorada, se nem sujeitos somos?

Na psicanálise, a grosso modo, quando falamos da noção de sujeito, nos referimos a alguém que tem capacidade de incidir na realidade, ou seja, tem agencia/controle sobre objetos de acordo com seus desejos. Já o objeto é aquele que é movido de acordo com as necessidades e interesses de um "outro". Esse "outro" pode ser uma pessoa, pode ser uma ideologia ou até mesmo o modo de produção.

Entendendo essas duas posições que uma pessoa pode ocupar nas relações: sujeito e objeto, me pergunto em qual dessas se encontram os meus irmãos e irmãs de classe, e sem hesitar, concluo que são aqueles e aquelas que servem aos desejos e interesses de um "outro", simplificando: somos o objeto da burguesia, nós quem produzimos toda a riqueza expropriada pelos mais ricos.

Com isso, identifico aqui um dos motivos pelos quais se torna tão difícil nosso povo ter a famosa consciência de classe. Como vamos nos reconhecer enquanto classe trabalhadora, oprimida e explorada, se nem sujeitos somos? Quando falamos de trabalho de base, falamos necessariamente da conquista da nossa autoestima combinada a um reconhecimento enquanto sujeitos, por que só sujeitos são portadores de desejos, e só os oprimidos e explorados tem capacidade de almejar e construir um Brasil sem desigualdade, justo, soberano e solidário.

Edição: Lucas Botelho