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Em Curitiba, Greca comanda uma macabra solenidade de bênção de armas de guerra para GM

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A GM de Curitiba é a primeira a utilizar abertamente armamento de guerra dentro do espaço urbano - Ricardo Marajó/ PMC
É uma perigosa militarização da Guarda Municipal de Curitiba, uma tendência crescente no país

O prefeito de Curitiba Rafael Greca (DEM) comandou, na terça-feira (18), uma macabra e inusitada solenidade de bênção do novo armamento de guerra comprado para a Guarda Municipal.

Trata-se de armamento adquirido da empresa tcheca Ceska Zbrojovka (CZ), uma fábrica de armamentos de reputação internacional e construída durante o governo socialista da então Tchecoslováquia – atual República Tcheca.

Junto com fuzil russo Kalashnikov, é uma das armas mais comercializadas e contrabandeadas do mundo. Desenvolvida pelos irmãos Koucky, em 1975, dois dos principais engenheiros da empresa CZ, rapidamente ganhou o mercado internacional. No período da chamada guerra fria, a maioria das pistolas do leste europeu adotava o calibre 9 mm Makarov (9 x 18 mm).

Foram compradas pela municipalidade 1.053 pistolas calibre 9mm para os guardas municipais. O armamento de grosso calibre e potente precisão é utilizado largamente por forças policiais e militares do Leste Europeu. A Coreia do Norte e Israel também fabricam um tipo de pistola bastante semelhante, com as mesmas características de robustez, potência e precisão.

A perigosa militarização da Guarda Municipal

A utilização das armas tchecas, compradas via sistema de pregão eletrônico internacional, significa uma completa e perigosa militarização da Guarda Municipal de Curitiba, uma tendência crescente no país nos últimos anos. A GM de Curitiba é a primeira a utilizar abertamente armamento de guerra dentro do espaço urbano.

O ato de Greca, um homem que se reivindica cristão, está inserido nos marcos do pensamento majoritário vigente que defende a criminalização da pobreza e a militarização crescente do conflito social no país.

A chegada da extrema-direita ao governo federal impulsionou a política de criminalização da pobreza e do extermínio como forma de um pretenso combate à criminalidade. O populismo fascista é o discurso predominante no aparelho policial e de boa parte do Judiciário.

Criminalização da pobreza

Para o grande público, a extrema direita promete uma política de segurança baseada no armamento individual para a classe média, o Bope e a milícia para “disciplinar” os pobres, e a segurança particular especializada para os mais ricos. Um Estado excludente e classista com um sistema policial repressivo e em aliança com a milícia paramilitar. É o modelo que já vem sendo instituído na prática em diversas regiões metropolitanas e nas fronteiras agrícolas e de extrativismo mineral no extremo norte do Brasil.

A pauta da segurança pública e do combate eficaz ao crime organizado é complexa, de difícil resolução, mas as forças democráticas precisam enfrentar o tema com coragem, propor medidas e desmoralizar a narrativa demagógica do neofascismo bolsonarista.

Questões como a defesa intransigente dos direitos humanos, a reforma do sistema penal, o fim da política de encarceramento em massa, a descriminalização das drogas, o combate duro aos partidos do crime e aos milicianos, mais investimentos sociais nas comunidades pobres, a reformulação da doutrina das forças de segurança e o papel de cada ente da federação são alguns dos desafios para um debate sobre uma política de segurança pública.

Neste ano de eleições para presidente da República, para os governos estaduais e Congresso Nacional, a segurança pública é um tema inevitável na agenda da campanha.

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Pedro Carrano