RETROSPECTIVA

Mentiras na ONU, isolado no G20: relembre vexames internacionais do governo Bolsonaro em 2021

No ano que marcou volta das viagens presidenciais, presidente foi alvo de chacota, manifestações e constrangimentos

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Comitiva presidencial em Nova York não pôde acessar ambiente interno de pizzarias e churrascarias - Reprodução/Facebook

O presidente Jair Bolsonaro (PL) viveu uma série de episódios constrangedores nas relações internacionais em 2021. Um dos momentos mais simbólicos foi a divulgação de uma foto da comitiva presidencial comendo pizza na rua por não poder acessar ambiente interno do estabelecimento em Nova York, já que o mandatário brasileiro não tomou vacina contra a covid-19.

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Com o arrefecimento da pandemia, o ano marcou o retorno das viagens internacionais do presidente. Entre os destinos visitados por Bolsonaro, estão os Estados Unidos, para participação na Assembleia Geral das Nações Unidos, e a Itália, para reunião da Cúpula do G20. Outra viagem presidencial que ficou marcada foi ao Oriente Médio, onde visitou Bahrein, Catar e Emirados Árabes.

::: Podcast Três por Quatro, com Zé Dirceu e Carol Proner: a imagem do Brasil após o vexame na ONU :::

O Brasil de Fato selecionou oito momentos simbólicos que apontam a desmoralização do governo federal em episódios internacionais. Os episódios não ocorreram apenas em viagens.

Um dos constrangimentos mais notáveis ocorreu em solo brasileiro, quando a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) impediu a realização de um jogo entre Brasil e Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Relembre:

Bolsonaro no G20

A viagem à Itália para a Cúpula do G20 não gerou frutos positivos ao Brasil. Nos ambientes das reuniões, em Roma, o capitão reformado apareceu isolado e rodeado apenas por seus pares.

Para o lado de fora, saiu pelos fundos, mentiu em canal de televisão, procurou apoiadores e hostilizou jornalistas. Seus seguranças chegaram a agredir fisicamente profissionais da imprensa. 

Jogo do Brasil cancelado na hora

Em setembro, o adiamento do jogo entre Brasil e Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo causou mal-estar. A decisão foi tomada após quatro jogadores argentinos entrarem em campo, mesmo com a determinação da agência de que teriam de cumprir isolamento no hotel para serem deportados para a Argentina.

Após mais de uma hora de paralisação, o jogo foi suspenso e ainda não tem nova data para ocorrer. O caso demonstrou a fragilidade das políticas de combate à disseminação do coronavírus no país

Barrado em pizzaria em NY

Em viagem à Nova York, Bolsonaro virou notícia ao comer pizza em um restaurante da cidade na calçada. É que o município exige comprovante de vacinação para a entrada em restaurantes e outros estabelecimentos de acesso público.

Veja um exemplo abaixo, de reportagem do jornal britânico The Independent, que cita a insistência de Jair Bolsonaro em desafiar regras sanitárias nos Estados Unidos.

Bolsonaro mente na ONU

Bolsonaro distorceu dados e mentiu durante discurso na 76ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. O chefe de Estado brasileiro declarou oficialmente na abertura do evento que "os recursos para fiscalização, nos órgãos ambientais, foram dobrados. E os resultados já começam a aparecer.”

Em abril, o governo aprovou corte de 24% no orçamento do meio ambiente para 2021 em relação ao ano passado. Bolsonaro também mentiu sobre dados de desmatamento na Amazônia em agosto. Ele falou em 32% de redução em relação ao mesmo mês de 2020. Segundo o Imazon, houve aumento de 7%, um recorde desde 2012.

Leia também: Oito mentiras e uma verdade contadas por Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU

Queiroga mostra dedo do meio

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um dos membros da comitiva presidencial nos EUA, perdeu a paciência quando o veículo oficial da delegação se deparou com uma manifestação contrária à comitiva brasileira.

O ministro foi em direção à janela do automóvel e proferiu xingamentos aos manifestantes. Ele também mostrou o dedo médio. Depois do episódio, foi contaminado pela covid-19 e teve que permanecer no país em isolamento social por cerca de 15 dias até que pudesse retornar ao Brasil.

Provocação do prefeito de Nova York

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, fez uma publicação em novembro em suas redes sociais pedindo para que as pessoas se vacinem contra a covid-19, e provocou o presidente brasileiro.

De Blasio pediu para que as pessoas não sigam o exemplo de Bolsonaro, mas o de pessoas como o príncipe Harry e sua esposa, Meghan Markle. Antes disso, ele já havia dito ao brasileiro para que não visitasse a cidade caso não tomasse a vacina.

Parlamento francês proibindo voos pro país

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, anunciou em abril deste ano a suspensão de todos os voos entre a França e o Brasil. Ele destacou a situação da pandemia no Brasil, à época, como fator preponderante para a decisão. A medida foi anunciada como forma de precaução, em razão da variante da covid-19 detectada em solo brasileiro.

“Decidimos suspender, até novo aviso, todos os voos entre os países”, disse o primeiro-ministro, no Parlamento francês. A decisão foi mais uma desmoralização do país no contexto internacional.

Bolsonaro e Boris Johnson

O presidente brasileiro se reuniu com o premiê britânico Boris Johnson em Nova York, em agenda paralela à Assembleia Geral da ONU. Em imagens distribuídas pela agência Reuters, é possível ver Johnson recomendando a vacina da AstraZeneca/Oxford, que é produzida também no Brasil em parceria com a Fiocruz.

"É uma ótima vacina. Obrigado, pessoal. Tomem vacinas da AstraZeneca!", diz ele ao lado de Bolsonaro, que é o único líder entres as maiores economias do planeta que declaradamente não tomou ainda imunizante contra a covid-19.

Edição: Leandro Melito