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Futebol masculino

Coluna do Athletico | O herói e seu mito

O gol de Nikão, que deu o bicampeonato da Sul-Americana ao Athletico, jamais será esquecido

Curitiba (PR) |
No último sábado, a coroação de uma trajetória brilhante: gol de Nikão jamais será esquecido - Foto: Divulgação

Toda história mitológica precisa de seus heróis, e a história do Athletico já tem mais um integrante em seu panteão: Nikão. Sua trajetória de vida é uma síntese das contradições que marcam o que é a vida de muitos futebolistas e trabalhadores brasileiros.

Com apenas 8 anos, Nikão perdeu a mãe. Não conheceu o pai. Passou aos cuidados da avó, que faleceu quando o garoto tinha apenas 16 anos. Como se não fosse o bastante, um ano depois perdeu o irmão. Diante de tantas tragédias, o futebol apareceu como esperança. Mas havia uma grande provação pelo caminho: o alcoolismo, que acabou por atrapalhar seu desenvolvimento em campo.

Com altos e baixos, Nikão rodou por várias equipes: Palmeiras, Santos, Galo, Vitória, Bahia, Ponte Preta, América MG, Linense e, por fim, chegou ao Ceará. No Vozão seu desempenho foi tão ruim que acabou tendo seu contrato rescindido antes mesmo de a série B acabar. E foi assim que chegou ao Furacão em 2015: acima do peso, com dificuldades ligadas ao alcoolismo, sem condições físicas ou técnicas e com uma carreira perigando terminar precocemente. Lembro bem que, ainda em 2018, parte da torcida rubro-negra desconfiava de Nikão. Mas isso durou até o primeiro título da Sul-Americana.

Em seguida, uma Copa do Brasil vencida com grandes atuações, especialmente nas semis contra o Grêmio. No último sábado, a coroação de uma trajetória brilhante. O gol de Nikão, que nos deu o bicampeonato da Sul-Americana, jamais será esquecido. Foi, sem dúvida, um dos momentos mais incríveis da nossa história. Músicas serão cantadas em sua homenagem, filhos receberão seu nome, estátuas serão levantadas.

Ao herói que cumpriu sua trajetória mitológica, deixo aqui minhas singelas palavras que são incapazes de descrever minha felicidade: obrigado, Nikão! Você é o maior da história do Athletico Paranaense!

Edição: Lia Bianchini