Rio Grande do Sul

Memória

Exposição fotográfica homenageia mulheres negras gaúchas no Palácio Piratini

Mostra "Donas da história" integra o centenário da sede do executivo e os 50 anos do Dia da Consciência Negra

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A mostra apresenta fotografias de 16 mulheres negras gaúchas - Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Está disponível para visitação do público a exposição fotográfica "Donas da história", que homenageia mulheres negras gaúchas. A mostra, instalada no Palácio Piratini, faz parte das ações que marcam o centenário da sede do executivo e os 50 anos da escolha do 20 de novembro como Dia da Consciência Negra, data estabelecida a partir de um movimento que começou no Rio Grande do Sul e se tornou nacional.

A exposição destaca 16 mulheres negras gaúchas, oito delas já falecidas, e tem curadoria da historiadora da arte e curadora do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Izis Abreu, e da assessora de Diversidade da Secretaria da Cultura (Sedac), Clarissa Lima. As fotografias ficam expostas até 20 de dezembro e buscam dar visibilidade para as mulheres negras gaúchas de diferentes gerações.

A jornalista e presidenta do Sindjors, Vera Daisy Barcellos, uma das homenageadas, recordou sua relação com Oliveira Silveira, um dos idealizadores da data.

"Em 1970 eu estava ao lado de Oliveira Silveira, jovem poeta e militante que provocava a juventude para que nos inteirássemos sobre o movimento negro. Ali estava sendo gestado, por homens e mulheres negros e também por não negros, aquilo que seria o 20 de novembro, uma referência a Zumbi e Dandara dos Palmares. Estar hoje neste espaço, subindo as escadas deste palácio com tapete vermelho, é algo muito significativo para todas nós, considerando que a maioria de nós, mulheres negras, está sempre escondida no trabalho serviçal”, ressaltou.

Outra homenageada foi a chefe da Recepção do Palácio Piratini, Angela Chaves, que recebeu a medalha do Centenário do Piratini. Ela trabalha há 14 anos recebendo as pessoas nas portas do executivo e guiando os visitantes.

"Amo gente e amo o meu trabalho. Só tenho a agradecer por estar aqui e por essa homenagem", disse.

A curadora Clarissa Lima explicou que a seleção buscou valorizar as conquistas das homenageadas, pois a mulher negra enfrenta dois obstáculos: o de gênero e o de raça. O que faz com que ela tenha muito mais luta no seu caminho.

"Sabemos que são muitos os problemas de racismo estrutural. Com essa homenagem, queremos mostrar que existem muitas mulheres negras com representatividade, talento e sucesso, que merecemos estar neste espaço, na casa mais simbólica do estado”, afirmou.

Também responsável pela curadoria da mostra, Izis Abreu explicou que a ideia surgiu a partir das suas pesquisas sobre a representação de sujeitos negros na história da arte, especialmente a figura das quitandeiras negras.

“Não se fala da importância dessas mulheres para a história do povo negro, mas elas foram essenciais, porque, através da atividade da quitanda, conseguiam comprar a sua alforria e a de outros escravizados e ascender socialmente. A partir disso quisemos pensar o que as mulheres negras estão fazendo hoje e como estão avançando e lutando contra o racismo. Então escolhemos profissionais de diferentes áreas para mostrar que, apesar de historicamente as mulheres negras terem sido colocadas em um lugar de subalternidade, elas não aceitaram a história que foi imposta e se tornaram donas da sua própria história”, detalhou.

Homenageadas da exposição Donas da história

• Cristal
• Daiane dos Santos
• Giane Escobar
• Karen Luise Vilanova
• Onira Pereira
• Regina Nogueira
• Valéria Barcellos
• Vera Daisy Barcellos

In memoriam

• Amancia Coringa
• Judith Bacci
• Mãe Preta
• Mãe Rita
• Maria Ignácia da Conceição
• Rainha Ginga Severina Maria Francisca Dias, a Sibirina
• Sirlei Amaro
• Teresa Franco


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Edição: Marcelo Ferreira