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Não vamos retroceder, nem sucumbir

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Ao mesmo tempo que celebramos esses passos ao longo dessa caminhada ancestral, também precisamos reforçar nossa organização - Lian Voigt
Por essas razões, derrotar o bolsonarismo deve ser uma prioridade para a luta do povo negro

Durante os governos petistas do presidente Lula e da presidenta Dilma, a implementação de políticas públicas de promoção da igualdade racial e ações afirmativas tiveram o maior avanço já visto na história do Brasil. O Estatuto da Igualdade Racial, cotas raciais nas universidades e no serviço público federal, aprovação de lei dispondo sobre ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas são alguns exemplos.

Como resultado dessas e outras iniciativas construídas ao longo de gerações, negros e negras passaram a ser maioria nas universidades públicas pela primeira vez em 2018. No ano passado tivemos as primeiras vereadoras e prefeitas negras eleitas em muitos municípios pelo país. São avanços importantes, porém ainda é só um arranhão nessa estrutura sustentada historicamente pela opressão.

Ao mesmo tempo que celebramos esses passos ao longo dessa caminhada ancestral, também precisamos reforçar nossa organização e resistência para o enfrentamento diante dos desafios que ameaçam nossas conquistas. A presença do povo negro nos espaços de poder e visibilidade incomoda aqueles que negam o passado e não têm compromisso com a reparação de tudo que nos foi roubado.

Com o golpe de 2016 e a chegada do bolsonarismo ao poder, todo o nosso legado está sob ameaça. O aumento do número de células neonazistas, desemprego recorde, a volta do país ao mapa da fome, o desmonte das políticas públicas de saúde e educação, tudo isso tem endereço certo: a população negra e pobre do nosso país.

Por essas razões, derrotar o bolsonarismo deve ser uma prioridade para a luta do povo negro no combate ao racismo e na retomada da agenda nacional de políticas públicas para enfrentamento das desigualdades no Brasil. Pela memória de Zumbi e Dandara e de todas e todos que nos antecederam, não aceitaremos retrocessos. Seguiremos em resistência para pavimentar o futuro da nossa sociedade para as próximas gerações.

 

Edição: Pedro Carrano