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Muito chão pela frente

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"Avançam as mobilizações de rua, a próxima será em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra" - Foto: Katia Marko
Não há tempo a perder. Não haverá descanso nem trégua, como bem diz Carlos Marighella

Outubro de 2022 está longe, muito longe. Até lá, há um longo caminho a atravessar/percorrer. Basta lembrar e analisar o resultado final da votação da PEC dos Precatórios, aprovada em segundo turno com mais votos pela Câmara Federal que no primeiro turno, dias atrás.

Nem a crise econômica, social, política, cultural, ambiental sensibiliza as-os deputadas-os federais. E a aprovação contou com amplo apoio de deputados federais de partidos que outrora diziam-se social-democratas e de muitos da centro-esquerda. 328 votos a favor da PEC, lixando-se para os movimentos sociais, os partidos de esquerda, o movimento sindical, o campo democrático-popular.

Como, pois, imaginar o impeachment do genocida!!!??? De qualquer maneira, mais que nunca, continua a luta por VACINA NO BRAÇO, COMIDA NO PRATO, FORA BOLSONARO, JÁ!

Enquanto isso, a fome está nas ruas em todos os lugares, junto com o desemprego, a miséria, o crescimento da população de rua. Acaba o Bolsa Família e todos os Programas que colocavam comida na mesa dos mais pobres entre os pobres. O desmonte do Estado está a caminho, as políticas públicas com participação popular praticamente não existem mais, a soberania nacional está em extinção, a Amazônia e o meio ambiente atacados e destruídos como nunca. A inflação crescente corrói a renda de trabalhadoras e trabalhadores. Cresce rapidamente a desigualdade econômica e social, junto com a concentração de renda, em plena pandemia do coronavirus e mais de 600 mil mortes no Brasil.

Os tempos estão tri difíceis e até outubro de 2022 tendem a piorar. Quem ganhar as eleições em 2022, seja Lula ou alguém outro, assumirá o governo de um país em frangalhos, pior do que estava em 2003, no início do primeiro governo Lula.

Como esperar, neste contexto, tempos tranquilos pela frente? Como imaginar que 2022 será diferente de 2021? Ou que as eleições serão normais? Sem ilusões, portanto.

As ações solidárias, com os Comitês Populares contra a Fome, as Cozinhas Solidárias vão continuar acontecendo e sustentam o básico de quem passa fome. A Campanha Natal Sem Fome, liderada décadas atrás por Herbert de Souza, o Betinho, está em pleno andamento. Está em construção uma Frente Nacional de Enfrentamento e Combate à Fome, sob convocação do SEFRAS, Serviço Franciscano de Solidariedade, e que avançará na sua organização com uma Plenária nacional no dia 26 de novembro. 

Avançam as mobilizações de rua, a próxima em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. E de 26 a 30 de janeiro de 2022 acontecerão em Porto Alegre, ao mesmo tempo, o Fórum Social das Resistências, FSR, e o Fórum Justiça e Democracia, lutando por democracia, cidadania, direitos humanos, igualdade.

A Campanha Latino-americana e Caribenha em Defesa do Legado de Paulo Freire está entrando em sua terceira fase, depois das celebrações do centenário de Paulo Freire, com revigoramento da educação popular, formação na ação, organização popular, trabalho de base e conscientização. Afinal, Paulo Freire vivia repetindo que “mudar é difícil, mas é possível”. Ou como diz o Fórum Social Mundial, que está em preparação, e acontecerá no México em 2022, acreditar em ‘um outro mundo possível’, urgente e necessário.

Não há tempo a perder. Não haverá descanso nem trégua, como bem diz, e repete mais de uma vez, Carlos Marighella, no belo filme sobre sua vida e sua luta pelo povo brasileiro e por democracia.

Unidade e solidariedade são palavras-chave na conjuntura. Ditaduras, reais ou disfarçadas, caem, ou são derrubadas, quando enfrentadas com fé, coragem e muito povo na rua.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko