Rio Grande do Sul

Educação na pandemia

CPERS critica retorno obrigatório das aulas presenciais no RS anunciado por Eduardo Leite

Comunicado considera que o retorno com escolas precarizadas e professores sem reposição é uma irresponsabilidade

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Sindicato se pronunciou sobre a decisão do do governador Eduardo Leite que deretmona o retorno obrigatório ao ensino presencial
Sindicato se pronunciou sobre a decisão do do governador Eduardo Leite que deretmona o retorno obrigatório ao ensino presencial - Foto: Cpers Sindicato

Na tarde de ontem (27), o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou o retorno obrigatório das aulas presenciais no estado para estudantes da Educação Básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), na rede estadual, municipais e privadas. Após esse anúncio, o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS Sindicato) lançou uma nota, considerando essa medida autoritária e irresponsável.

Segundo a nota, a medida foi imposta mesmo que diversas escolas da rede vivam um cenário de precariedade nas suas estruturas. Segundo a presidenta do Sindicato, a professora Helenir Aguiar Schürer, essa situação impede que sejam cumpridos os protocolos sanitários de forma adequada. Além disso, outra preocupação é a falta de professores e funcionários, que acaba sobrecarregando a força de trabalho que atua nas escolas.

O governo, por sua vez, defende o retorno, "tendo em vista a queda das taxas de contaminação e hospitalizações e o avanço da vacinação no RS". Para a secretária da Educação, Raquel Teixeira, "a escola não é foco de contaminação, ela reflete a condição da comunidade em que está inserida". Ela defende o retorno pela questão pedagógica: "Quanto mais tempo sem a escola, mais difícil é trazer os jovens de volta”.

Já o CPERS recorda que as crianças menores de 12 anos estarão expostas à contaminação, visto que essa faixa etária ainda não foi vacinada. Também reclama da falta de diálogo com a professores e funcionários, que acumulam perdas salariais nos últimos sete anos.

Confira a íntegra da nota:

Nota do CPERS - Sindicato sobre o retorno presencial obrigatório

O governador Eduardo Leite anunciou nesta quarta-feira (27) o retorno obrigatório ao ensino presencial. A imposição vale para instituições públicas e privadas em todo o Rio Grande do Sul.

De forma autoritária, como costuma agir, Leite impõe a medida diante de um cenário de precariedade em inúmeras escolas. Segundo a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, a situação de abandono impede estas instituições de cumprirem com os protocolos sanitários.

“A obrigação do retorno presencial mediante o sucateamento das escolas e a falta de RH, expõe estudantes, educadores, funcionários e comunidade ao iminente risco de contaminação pelo coronavírus”, garante.

Neste cenário, vale frisar que as crianças menores de 12 anos estarão mais expostas, visto que para esta faixa etária ainda não há vacina disponível. Além do descaso com a vida de todos que estão no dia a dia das escolas, o governador segue sem dialogar com aqueles que fazem a educação acontecer, professores e funcionários.

Desvalorizados, cansados e em situação de miserabilidade, devido aos sete anos de arrocho salarial, muitos ainda estarão trabalhando em ambientes sem a segurança necessária para atuar com tranquilidade. Para Helenir, além do descaso com os educadores, o governo, que teve toda a pandemia para executar um plano de obras e melhorias, nada fez durante este período para garantir o retorno seguro.

“Muros caindo, goteiras, rachaduras nas paredes, fiação elétrica comprometida e falta de pia para a lavagem das mãos, são apenas algumas situações que terão de ser enfrentadas pelos educadores na volta tão desejada por Leite”, afirma.

A vontade dos pais e/ou responsáveis também não foi levada em conta. Seguros ou não, terão de mandar seus filhos para a escola sob o risco de sofrerem penalidades. Nas salas de aula não será mais necessário sequer respeitar o distanciamento entre as classes, que antes era de um metro e meio. O resultado será um grande número de alunos em um mesmo ambiente, propiciando assim maior facilidade para que ocorra a transmissão da Covid-19.

Nem máscaras de boa qualidade os educadores receberam nestes quase dois anos de pandemia. O que foi disponibilizado por Leite mais parecia um pano surrado do que um equipamento de proteção. Desde então, os educadores têm tirado do próprio bolso para adquirir a máscara. Mais um gasto para quem já recebe tão pouco e teve inúmeros direitos retirados.

O retorno presencial imposto quase no final do ano letivo sem que tenha ocorrido nenhum investimento para a valorização dos professores e funcionários, somado a tão necessária melhoria das escolas, que não ocorreu, é no mínimo uma atitude irresponsável e que só atende aos interesses do governo com as empresas privadas ávidas pelo mercado que a educação.

O CPERS seguirá com seu compromisso de defender a categoria, lutar pela justa reposição salarial de 47,82% e preservar a vida de professores, funcionários e comunidade escolar. Estaremos atentos a cada dificuldade enfrentada pelos educadores e nas escolas e faremos a denúncia constante dessas situações.

Por respeito, dignidade e preservação da vida seguiremos firmes e combativos.


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Edição: Marcelo Ferreira