Ana Mae Barbosa, reconhecidamente a pioneira na propagação da arte-educação nas escolas do Brasil, sempre defendeu que o ensino de artes é o espaço do desenvolvimento da criatividade que será útil para outras áreas do conhecimento. Assim como ela, o neurocientista Michael Gazzaniga desenvolveu inúmeras pesquisas concluindo que as artes são de extrema importância para a cognição. Isto é, uma experiência artística, como ouvir, aprender ou cantar uma música, ativa circuitos cognitivos do cérebro.
Porém, o ensino das artes nas escolas e também em universidades ainda é incompreendido no Brasil, muitas vezes sendo renegado a um espaço de menor valor na proposição, por exemplo, de políticas públicas e definições orçamentárias.
Quem passou pelas salas de aulas dos cursos de ensino superior em artes, no entanto, sabe falar o diferencial que essa formação lhe trouxe. Nomes importantes dos cenários artísticos paranaense e nacional têm registrado em sua trajetória profissional a passagem pela formação em artes.
Aly Muritiba, diretor baiano radicado no Paraná, que recentemente teve seu filme “Deserto Particular” indicado ao Oscar, é egresso da Faculdade de Cinema e Audiovisual da Faculdade de Artes do Paraná (Fap/Unespar) e diz que a oferta do curso em uma universidade pública foi o grande diferencial para sua carreira.
“A essência de um curso de Cinema em uma universidade pública foi essencial para que uma pessoa como eu estudasse. Se não existisse um curso desses de natureza pública, provavelmente eu e muitos não poderíamos acessar a formação em cinema”, diz Muritiba.
Formada pelo Curso de Dança, a professora e mestranda Mariah Sumukawa Spagnolo, destaca que é preciso compreender que ciência e artes estão relacionadas. “Como diz o professor Jorge de Albuquerque Vieira, tanto as artes como as ciência são formas de conhecimento e ambas criam soluções para questões reais. Enquanto ciência busca desvendar a realidade, a Arte trabalha com as possibilidades e invenção do real. É importante também lembrar que o ambiente de formação em artes propicia o diálogo com artistas e nossos pares", relata.
Mariah é natural de Araçatuba (SP) e reside em Curitiba (PR) desde 2014. É professora e artista da dança interessada nos processos de criação e na elaboração de diálogo com a antropologia e os estudos da percepção. Atualmente é mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Arte da Universidade Estadual do Paraná (PPGArtes UNESPAR).
Democratizar o acesso à Arte e Cultura
Para o professor Daniel Momoli, do curso em licenciatura em Artes Visuais da Unespar, a formação acadêmica de professores que estarão nas escolas é essencial. “Quando falamos em formação de profissionais em artes, estamos falando de diferentes cursos, como artes visuais, dança, música, teatro, entre outros. Portanto, são cursos, em nível de licenciatura que preparam os professores, que vão atuar com artes nas escolas", diz Momoli.
"Muitas pessoas se perguntam por que ter aula de artes na escola. Para trabalhar com os saberes e as práticas que mobilizam as formas sensíveis do conhecimento e que nos auxiliam a compreender as relações que estabelecemos consigo mesmo, com os outros e com o mundo, possibilitando também a democratização do acesso à arte e cultura”, completa o professor.
Inscrições para o Vestibular 2022 da Unespar
Sendo uma das principais universidades com cursos para formação em Artes, a Unespar encerra, na próxima quarta feira (20), as inscrições para o vestibular 2022.
Dos 71 cursos de graduação com vagas abertas, mais de 15 são voltados para a formação profissional em artes – Licenciatura e Bacharelado, como Artes Visuais, Teatro, Dança, Canto, Música, Musicoterapia, Cinema e Audiovisual, entre outros. As vagas são oferecidas nas sedes de Curitiba: no Campus 1, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) e Campus 2 – na Faculdade de Artes do Paraná (FAP).
As inscrições para o Processo Seletivo de Ingresso nos cursos de Graduação de 2022 da Universidade Estadual do Paraná devem ser realizadas, exclusivamente, pela internet até às 23h59min do dia 20 de outubro de 2021.
Edição: Lia Bianchini