Paraná

ANOS DE CHUMBO

Jornalistas lançam livro sobre a CEU, a maior casa de estudantes autogerida da América Latina

Das vozes mais antigas às mais recentes, há como pano de fundo uma linha comum de persistência e luta

Curitiba (PR) |
A CEU foi considerada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) como a maior casa de estudante autogerida e autofinanciada em toda a América Latina - Divulgação

Representantes de instituições, estudantes secundaristas e universitários se reúnem amanhã, quarta-feira (13), em um evento de lançamento do livro “Ceuenses de Todos os Tempos”, obra que retrata a história da Casa do Estudante Universitário e suas contribuições para a cidade de Curitiba.

Escrito por dois jornalistas, o experiente Zeca Corrêa Leite e a jovem e promissora Cláudia Santos, que também foi liderança na casa, o livro terá seu pré-lançamento em um local simbólico, outra referência histórica na vida estudantil: a União Paranaense dos Estudantes (UPE), que corajosamente posicionou-se em defesa da democracia nos anos de chumbo da ditadura militar.

Ao longo de suas 220 páginas, o livro narra o surgimento da CEU, a partir de uma conversa informal mantida entre o presidente da UPE, Oséas de Castro Neves, e a primeira-dama do estado, Hermínia Lupion, num dia de 1947. Desse contato resultou o nascimento da instituição destinada a acolher universitários que vinham a Curitiba para estudar, mas sem condições financeiras para se sustentar. Na noite de quarta-feira, 11 de agosto de 1948 (dia do estudante), deu-se a inauguração da Casa na avenida João Pessoa (atual avenida Luiz Xavier), cujo imóvel foi arrendado do Hotel Majestoso.

Uma segunda inauguração teria ocorrido em 26 de abril de 1956, com as presenças do presidente da República Juscelino Kubitschek e a juventude fez-se presente ao ato.

O livro apresenta uma série de depoimentos que alinhava acontecimentos mais variados, como os tensos momentos em que a cavalaria e cães ferozes aguardavam uma ordem para invadir a Casa, num dos vários embates de resistência à ditadura; os divertidos bate-papos com artistas consagrados, as noitadas elegantes dos cintilantes bailes ali promovidos, até a inclusão de mulheres alterando o tradicional regime masculino para regime misto.

Das vozes mais antigas às mais recentes, há como pano de fundo uma linha comum de persistência e luta em diferentes eixos como a discussão sobre a permanência estudantil, a reconstrução da memória coletiva, do patrimônio histórico e a luta pela garantia da diversidade. Pela CEU já passaram milhares de estudantes, de diversas regiões do país, com predominância de um perfil de jovens em vulnerabilidade social e financeira que conquistaram um diploma com o auxílio da organização estudantil.

A CEU foi considerada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) como a maior casa de estudante autogerida e autofinanciada em toda a América Latina e apresenta, pela primeira vez, um registro oficial sobre suas contribuições à vida universitária e ao movimento estudantil da capital.
 

Serviço

O lançamento terá participação livre em formato virtual, basta conectar no link do Google Meet videochamada: https://meet.google.com/caq-ogym-rmg


 

 


 

 

 

Edição: Pedro Carrano