Paraná

LUTA POPULAR

OPINIÃO. Conferência Popular de Habitação e os desafios dos movimentos populares

Qual é a pauta das organizações que lutam por moradia, neste momento de ataques do Estado e ausência de políticas

Curitiba (PR) |
Mas nosso povo segue produzindo, sobrevivendo na crise, porém sem mercado, políticas de apoio ou fomento - Pedro Carrano

Trazemos abaixo desafios da luta popular e por moradia, abordados na mesa de abertura da Primeira Conferência Popular de Habitação, de 5 a 9 de outubro, organizada no Paraná por uma ampla gama de entidades e movimentos sociais:

1 – O MTD é um movimento nacional e construímos em Curitiba a União de Moradores e Trabalhadores (UMT), ao lado de associações de moradores que atuam de forma independente e também áreas de ocupação que estão em luta por moradia.

2 – A luta por moradia hoje reúne um problema estrutural e histórico do povo brasileiro com o problema imediato da crise econômica, social e sanitária. O custo de vida em nosso país aumenta, o que leva as populações a buscarem a saída das ocupações, para deixar o aluguel, caso da Nova Guaporé 2, ocupação que apoiamos ativamente. Ao menos 10 ocupações foram formadas durante a pandemia da Covid-19 em Curitiba.

3 – O poder público, porém, responde da pior maneira, com ausência de negociações e respeito, ausência de uma secretaria municipal de habitação, no caso de Curitiba, respondendo tantas vezes, como vimos, com a violência do despejo forçado. Fica aqui o primeiro desafio: Qual é a pauta das organizações que lutam por moradia, neste momento de ataques e ausência de políticas por parte do Estado brasileiro?

4 – Um segundo desafio: Faltam políticas públicas na área, mas devemos seguir em movimento e construindo cada vez mais pontes e articulações entre as organizações e entidades para nos fortalecer; A conferência é uma prova dessa unidade possível.

5 – Terceiro desafio: a questão do Trabalho. Na verdade, o problema é do Capital, da abstração do valor. Mas nosso povo segue produzindo, sobrevivendo na crise, porém sem mercado, políticas de apoio ou fomento. Como somos trabalhadores, lutamos pela valorização do trabalho, por isso construímos espaços de solidariedade e também de geração de renda, que no fundo são espaços de organização popular. Construímos uma cozinha comunitária semanal, estamos avançando em uma padaria comunitária e também no Atelier Linha da Esperança, conduzido pelas mulheres da ocupação Guaporé, para costura e capacitação.

 

Edição: Pedro Carrano