O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, e o presidente do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), Leonardo Rolim, estiveram em Canoas (RS), na tarde desta sexta-feira (02), para a inauguração do projeto de “autoatendimento” para segurados que será implementado nas Agências da Previdência Social de todo Brasil. Eles foram recepcionados por uma comitiva de trabalhadores e integrantes do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no RS (SindisprevRS), que portavam cartazes e faixas em protesto contra a medida.
Os trabalhadores afirmam que, por diversas vezes, o sindicato tentou conversar com o presidente do INSS, assim como encaminhou diversos ofícios solicitando uma audiência com o ministro para expor as pautas da categoria. Contudo a resposta obtida foi a de que o ministro não atende sindicatos. “Por isso a mobilização desta sexta-feira, para que possamos entregar uma carta aberta dos servidores, onde expomos nossas pautas”, destaca a entidade.
Onyx entrou na agência do INSS pela porta dos fundos. De lá, fez uma live pelo canal do YouTube do Trabalho e Previdência, demonstrando como será o "autoatendimento", informou a assessoria do SindisprevRS.
De acordo com o sindicato, a estrutura que está montada lá não corresponde com a realidade. "Esse serviço vai, na verdade inaugurar a terceirização dos serviços e atendimentos do INSS”, ressalta. Os servidores chamam atenção para os principais problemas que o INSS enfrenta hoje: internet, infraestrutura e sistemas de trabalho precários, metas abusivas, necessidade de reposição de servidores e o número elevado de processos em aberto, que chegou a 1.844.820 entre abril e julho deste ano.
A nova proposta de autoatendimento está sendo tratada como complementar, mas em Canoas, por exemplo, o agendamento para retirada de extrato permanece suspenso, mesmo após a reabertura da agência, e só pode ser realizado através do autoatendimento, pontua o sindicato. “Aos poucos, o INSS está retirando serviços importantes das agências, deixando à margem os segurados que não têm acesso aos dispositivos remotos e à internet, e que não contam com os conhecimentos necessários para realizarem sozinhos seu atendimento.”
A realidade que observa-se em caixas eletrônicos de bancos é de pessoas que, mesmo em equipamentos programados para a maior acessibilidade possível, ainda precisam do auxílio de algum profissional, argumenta o SindisprevRS. "Não há garantia alguma que os usuários, especialmente pessoas idosas, conseguirão realizar sozinhas o serviço utilizando um computador na agência do INSS", completa.
Para auxiliar os segurados no novo modelo, será necessário o apoio de um servidor, estagiário ou contratado, que poderá somente orientar, mas não realizar o serviço, tendo em vista que a senha de cada usuário é secreta. Conforme o sindicato, trabalhadores e usuários ficarão expostos à covid-19 sem a proteção de acrílico obrigatória para atendimentos na pandemia. Preocupa também que os usuários compartilharão equipamentos eletrônicos de difícil higienização.
“Mais uma vez, não há política efetiva por parte do INSS para resolver a fila de mais de 1,8 milhão de processos em espera. A aposta no atendimento remoto é uma medida paliativa para tentar reduzir o atendimento nas agências, sem a realização de concurso público”, aponta o diretor do SindisprevRS, Alcieres Cardoso, lotado na agência de Canoas.
Hoje, seriam necessárias 19 mil contratações para repor os servidores que já se aposentaram e irão se aposentar nos próximos anos.
*Com informações do SindisprevRS.
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Edição: Marcelo Ferreira