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Crise

Brasil piora com Bolsonaro

Preços de alimentos, combustíveis e gás vão às alturas. Renda do trabalhador cai e aumenta o desemprego e a fome

Curitiba (PR) |
Brasil de Fato Paraná listou setores que mais sofreram no atual mandato presidencial - EVARISTO SA / AFP

Desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019, o Brasil vem piorando em praticamente todos os setores. Se a pandemia é responsável por alguns desses problemas, a falta de ação (e erros) do governo transformaram o Brasil no segundo país com mais mortes por Covid-19 no mundo, num dos que a economia menos cresce, onde o desemprego e a fome aumentam. Áreas como saúde e educação também são abandonadas. E o presidente ainda diz que o que está ruim pode piorar.

Confira abaixo alguns dos setores que mais sofreram no atual mandato presidencial:

Pior inflação desde 1994

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a prévia da inflação do mês de setembro deste ano é a maior desde o Plano Real, em 1994. O IPCA-15 foi de 1,14%. No ano, a alta é de 7,02%, e nos últimos 12 meses já ultrapassa os dois dígitos (10,05%). Principalmente pelo aumento em itens como gasolina, alimentos e energia elétrica. Em outro índice, o IPCA, a previsão é fechar o ano em 8,45%, segundo estimativas do Boletim Focus, do Banco Central (BC). Números que ainda podem piorar, se continuar a atual tendência de aumento de preços.

Dólar descontrolado

Apesar do discurso de que iria consertar a economia, o governo Bolsonaro é responsável pelo estouro do preço do dólar, que tem impacto na inflação. Quando assumiu, em janeiro de 2019, eram necessários 3,18 reais para comprar a moeda americana. Hoje, são cerca de 5,40 reais. O que encarece combustíveis e a comida, já que o agronegócio prefere exportar em dólar do que vender aqui produtos como carne, e deixa o mercado interno com problemas de abastecimento. 


Quando assumiu, em janeiro de 2019, eram necessários 3,18 reais para comprar a moeda americana. Hoje, são cerca de 5,40 reais / Foto: Giorgia Prates

Cesta básica fora da mesa

O valor médio de produtos da cesta básica saltou para quase 670 reais, cerca de 65% da renda média do trabalhador brasileiro, de acordo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O famoso PF, por exemplo, ou prato feito, com arroz, feijão, carne e salada, teve um aumento de quase 23% em um ano, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas. O arroz aumentou 37% e a carne 32% em doze meses.

Sem dinheiro para água e luz

Além do racionamento de água, risco de apagão na energia elétrica, os preços das contas não param de subir. Na luz, a sobretaxa pela bandeira vermelha foi aumentada em cerca de 50%, com o valor médio de 14 reais pelo kWh.

Mas os aumentos já vinham de antes, segundo números levantados pelo Dieese. No Paraná, nos últimos cinco anos, de junho de 2016 a julho de 2021, a energia elétrica subiu 49,55%, com inflação de 22,98%. Aumento real de 21,61%. Na água, de abril de 2016 a abril de 2021, a conta subiu 47,47% para uma inflação de 23,45%, aumento real de 19,46%.

Gasolina e gás nas alturas

A gasolina já passou de R$ 7 em regiões do país, com a política de reajustes no preço dos combustíveis feita pela Petrobras. Em mil dias de gestão Bolsonaro, o valor da gasolina saiu, na média, de 4,26 para 5,92. Já o gás de cozinha pulou de R$ 69, em 2019, para mais de 100 reais atuais, variação de cerca de 45%.

Miséria e fome voltam

A renda do brasileiro despencou, sendo a menor desde 2017. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, neste trimestre a renda média do trabalhador ficou em 2.433 reais. Com o fim da política de valorização do salário mínimo que vigorou entre 2011 e 2019, e a inflação alta, a queda na renda ficou em 9%, de acordo com a FGV, e só não foi maior por conta do auxílio emergencial durante a pandemia. O desemprego também aumentou de 11 milhões no último trimestre de 2018 para a casa dos 14 milhões de pessoas sem trabalho.

E teve e volta da fome. O relatório mais recente da Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO) aponta que 23,5% da população brasileira tenha vivenciado insegurança alimentar moderada ou severa entre 2018 e 2020. 


Renda do trabalhador diminuiu, desemprego e fome aumentaram / Foto: Giorgia Prates

Quase 600 mil mortes na pandemia

O Brasil é o segundo país do mundo em que mais morreram pessoas por conta da pandemia, com quase 600 mil óbitos, ficando atrás apenas dos EUA. Desrespeito ao isolamento social, demora para comprar vacina e incentivo a remédios que não funcionam, como a Cloroquina, estão por trás da atuação do presidente e de seus ministros da saúde nesse desastre.

Falta de dinheiro na educação

O Brasil está no grupo de países que não aumentaram os recursos para educação em meio à pandemia. Segundo o relatório Education at a Glance 2021, elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país gastava, em 2018, 4% do seu PIB com a área, e mesmo com a pandemia e o desafio de adaptar as escolas ao modelo híbrido, manteve o mesmo patamar de investimento de 2018. Só no primeiro ano da pandemia, cerca de 172 mil estudantes deixaram a escola no Brasil, aumento de 12%, como aponta o relatório do Banco Interamericano do Desenvolvimento. O impacto também é sentido nas universidades federais, sendo que 30 das 69 afirmam não ter dinheiro para fechar o ano.

Floresta queima

Com Bolsonaro, as queimadas aumentaram para os maiores índices da história. No ano passado, o Brasil teve o maior número de focos de queimadas em uma década, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrando 222.798 focos, contra 197.632 em 2019, um aumento de 12,7%. O presidente teve seu ministro anterior da pasta, Ricardo Salles, envolvido em escândalos de corrupção envolvendo venda ilegal de madeira, chegando a ser investigado pelo FBI.

Edição: Lia Bianchini