Paraná

Energia

À beira do apagão, empresas lucram com aumento da conta de luz

Falta de planejamento e interesses privados empurram o país para a escuridão

Curitiba (PR) |
Desregulamentação do setor, falta de planejamento e interesses privados seriam as reais causas da crise
Desregulamentação do setor, falta de planejamento e interesses privados seriam as reais causas da crise - Agência Brasil

Com a queda da capacidade dos reservatórios, e a seca em que vive o Sudeste brasileiro, o governo federal aumentou as bandeiras tarifárias na energia elétrica e pediu para população economizar luz. Contudo, apesar da falta de ajuda de “São Pedro”, a desregulamentação do setor, a falta de planejamento e os interesses do setor privado apenas nos lucros seriam as reais causas da crise.

Na quarta (8), em audiência na Câmara dos Deputados, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a capacidade dos reservatórios das usinas hidrelétricas deve ficar abaixo de 19%. Apenas na crise hídrica de 2014 esse patamar foi registrado.

Apesar de o governo Bolsonaro insistir que o problema é a falta de chuva, o ex-diretor presidente da Agência Nacional de Águas (ANA) Vicente Andreu rejeita o argumento. "Não dá pra colocar na conta de São Pedro de jeito nenhum", afirmou, em entrevista para o programa Bem Viver, da Rádio Brasil de Fato.

Ele alerta que a crise é "resultado de uma operação recorrente, que acontece todo ano, do setor elétrico, e que foi agravada no governo Bolsonaro. Tem como finalidade esvaziar os reservatórios no período chuvoso para quando chegar o período seco, tendo pouca água, o preço da tarifa explodir."

Mesmo que a justificativa fosse a falta de chuva, Alexandre Húngaro, trabalhador de uma empresa de energia elétrica e estudioso da área de energia, afirma que "deveríamos estar em racionamento no mínimo desde maio."

Húngaro, que também é presidente da CTB-Paraná, alerta que o sistema elétrico brasileiro vem operando no limite. "É um cenário que poderemos estar de um ou dois anos com racionamento, ou o governo terá que pagar para que empresas não operem, para diminuir a carga. Imagine o custo financeiro dessa política, a cada dia que o governo não intervém para implantar um racionamento que já deveria ter começado em maio, aumenta a possibilidade que isso aconteça, e ainda falam na privatização da Eletrobrás."

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini