Pernambuco

CULTURA

Festival de Coco de Roda de Engenho tem programação online e gratuita neste fim de semana

Evento virtual reúne cerca de dez grupos culturais de coco de roda de Pernambuco e terá tradução em libras

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Todas as noites, duas atrações animam o público, que poderá assistir no conforto de casa e gratuitamente - André Pina/Divulgação

Diversos grupos de coco de engenho e coco rural das cidades da Mata Norte de Pernambuco realizam nesta semana o 2º Festival Coco de Roda de Engenho. O evento é realizado com apoio da Fundarpe, Secretaria de Cultura, Governo do Estado por meio dos recursos do Funcultura.

A novidade é que este ano  os shows contarão com tradução simultânea em Libras, para pessoas surdas ou ensurdecidas. A programação cultural será realizada até o domingo, 12, por meio da página do festival no Youtube, sempre às 20h.

Todas as noites, duas atrações animam o público, que poderá assistir no conforto de casa, gratuitamente.  "É uma alegria poder transmitir, ao mundo, por meio da internet, essa manifestação cultural tão raiz, tão nossa", afirma Endreson Ribeiro, coordenador geral do festival. A festividade também tem como proposta fazer o resgate da memória cultural e salvaguarda da linguagem do coco da Zona da Mata pernambucana. 

Em Pernambuco há diferentes grupos de cocos de roda, mas o que está presente na região da Mata Norte têm uma identidade única. "Nossos grupos buscam trazer em suas apresentações cantigas de trabalho dos cortadores de cana de açúcar dos engenhos da região" destaca Ribeiro. Ele também destaca outras particularidades sobre o coco rural e o coco de engenho. "Os instrumentos utilizados na execução do ritmo são chamados de terno. São eles: bombo, mineiro, e caixa. A dança também tem sua particularidade. Aqui, dançamos formando um círculo e girando de par em par dando umbigadas. A estrutura poética dos versos  são de repetições de perguntas e respostas, quartilhas, sextilhas, e de linhas de improviso", acrescenta. 

"Relatos populares indicam que essa manifestação é secular, e aparece junto com o maracatu rural nos canaviais da Mata Norte, região que abriga uma grande concentração de mestres coquista, que revezavam-se  formando um único grupo, fazendo as sambadas nos engenhos até o amanhecer do dia", acrescenta Régis Arruda, produtor executivo. 

Tradição do Coco na Zona da Mata

A história do Coco Rural tornou-se mais efetiva no início da década de 1970. Com o começo da queda dos engenhos para as usinas, várias famílias migraram da zona rural para a cidade. Nesse processo de êxodo rural, trouxeram consigo suas crenças e culturas. E não demorou muito para que essas manifestações começassem a acontecer, só que agora nos perímetros urbanos do município.

Na cidade de Nazaré da Mata, um dos primeiros grupos culturais foi o Coco de Mestre Aristides, que foi o primeiro a realizar as sambadas. Foi ele o grande responsável por colocar o coco de engenho ou rural, nas periferias da cidade, servindo como referência, e influência na formação de novos mestres daquela época. 

Após sua morte,  surgiu o Coco de Valério. Coube a ele promover  as sambadas em frente à sua casa, onde tinha a barraca do famoso cachorro quente de Valério. O terno batia a noite inteira, e mestre Valério segurava o baque cantando seus versos e materializando um novo espaço de disseminação cultural e formação de público, que durou até metade dos anos 1980.

Já no ano de 1987 surgiu o Coco de Derval. Período em que as sambadas se estenderam até o ano de 2005. O evento cultural, realizado ao ar livre sempre aconteciam sempre nos festejos juninos, com dois dias de festa na Rua Siqueira Campos, bairro do Sertãozinho. 

Atualmente, o Coco de Derval é a principal referência de Coco de Engenho ou Rural na cidade de Nazaré da Mata Inclusive, o mais antigo em atividade, graças a dona Letícia, viúva do Mestre Derval, que deu continuidade ao coco. É também, o grande responsável por influenciar a criação de outros na cidade.


Confira a programação completa do festival:

 

10 DE SETEMBRO - Sexta -feira

Horário: 20h

Atrações:  Coco da Mata ( Nazaré da Mata) e Grupo Cultural Bio Caboclo (Lagoa de Itaenga)

 

11 DE SETEMBRO - Sábado

Horário: 20h

Atrações:  Coco de Roda Canavial ( Nazaré da Mata) e Mestre Zé de Teté (Limoeiro)

 

12 DE SETEMBRO - Domingo

Horário: 20h

Atrações:  Coco de Derval ( Nazaré da Mata) e Coco Mano de Baé (Tracunhaém)

 

 

Edição: Vanessa Gonzaga