Com o lema “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já!”, o Grito dos Excluídos, no Paraná, também se uniu às manifestações por “Fora Bolsonaro.” O ato, que acontece anualmente desde 1995, foi realizado neste ano na comunidade Nova Esperança, no município de Campo Magro, região metropolitana de Curitiba. Movimentos sociais, religiosos, sindicais, estudantis, partidos políticos estiveram presentes na manifestação, que aconteceu durante toda a manhã e foi encerrado com uma caminhada por pontos da comunidade.
O local escolhido para o ato foi simbólico. Cerca de 1.200 famílias vivem na ocupação Nova Esperança desde maio de 2020, em uma área pública do Estado do Paraná, abandonada há mais de 12 anos. A permanência no local para a garantia do direito à moradia está entre as principais reivindicações do grupo. Em pouco mais de um ano de organização, a luta tem sido por moradia, trabalho, saúde, educação, lazer e tudo aquilo a que todas as pessoas têm direito para garantia de uma vida digna.
O Vereador Renato Freitas, que representa os movimentos da periferia de Curitiba, destacou a importância de se estar junto à comunidade que luta por direitos básicos. “Estar aqui numa periferia organizada em torno destas pautas comuns aos povos das periferias é também lutar pelo Brasil.. Além disso, lutar por moradia é sintomático num país que é tão desigual na divisão de terras e que necessita de Reforma Agrária e Reforma Urbana. Hoje, infelizmente, uma minoria está em aliança com a banda podre da política e acreditam que o país é deles. O que estamos fazendo juntos aqui é dando um recado, dizendo que estas pessoas, sim, são a maioria”, disse.
O Grito dos Excluídos é uma mobilização nacional realizada desde 1995, como um contraponto ao "Grito do Ipiranga", que não trouxe a verdadeira independência ao povo brasileiro. O lema permanente é “A vida em primeiro lugar” e tradicionalmente é organizado e recebe apoio dos movimentos religiosos. Presente no ato, a Irmã Emily Buch, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, disse que a atual conjuntura exige a união de todos os movimentos em defesa da vida. “Diante de uma conjuntura que estamos vivendo com tanta exclusão, injustiça social, é importante estarmos aqui mostrando que não estamos de acordo com tudo isso e queremos que aqueles que estão excluídos tenham voz e vez”, defendeu.
Em defesa da vida
Membro da coordenação do Movimento Sem Terra, Roberto Baggio lembrou que o Grito dos Excluídos sempre foi em defesa da vida. “Aqui, enquanto Bolsonaro defende a morte, aqui defendemos a vida. Enquanto o governo Bolsonaro representa a fome, aqui é alimento, enquanto Bolsonaro incita violência, aqui é paz. Somente assim unidos que vamos reorganizar os trabalhadores, sem Bolsonaro e com muita democracia e avanços sociais”, concluiu Baggio.
Também presente no ato, o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Antonio Luiz Fermino, reiterou a importância de se reorganizar para resistir contra o atual governo. “Estamos aqui também para resgatar a resistência na luta por um Brasil pra todos, para toda a população. Infelizmente, hoje estamos marcados por desemprego, falta de vacina, de comida no prato. O golpe já vem sendo dado contra a população, em que milhões voltaram para a linha da pobreza.”
Fora Bolsonaro
O Grito dos Excluídos de 2021 se uniu também às manifestações que pedem “Fora Bolsonaro.” Em carta conjunta, o Grito dos Excluídos e a Campanha Fora Bolsonaro conclamam a população a dar um basta ao governo genocida, que acumula mortes, promove a destruição do meio ambiente e a investida contra os povos indígenas e quilombolas, ameaça a soberania e a democracia. “Juntos por um país verdadeiramente independente, sem genocídio da população pobre, negra e indígena, com justiça social e oportunidades para que o nosso povo volte a sonhar e ter orgulho de ser brasileiro.”
Além do ato político, as pessoas presentes acompanharam o plantio de mudas de atores e a inauguração da padaria comunitária da comunidade.
Edição: Lia Bianchini