Rio Grande do Sul

Comunicação

Comunicação, crise climática, afetos e redes marcam lançamento de site de Sílvia Marcuzzo

A jornalista, artista e empreendedora atua para ampliar a percepção do quanto a comunicação se relaciona com o clima

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A jornalista Sílvia Marcuzzo realizou live de lançamento do seu site, na noite de quarta-feira (18) pelo seu canal no YouTube - Reprodução

Transformar o cotidiano unindo ciência, arte, criatividade, colaboração e diversidade de saberes e fazeres pode soar impossível para muita gente, mas não para a jornalista Sílvia Marcuzzo. É o que mostrou a live de lançamento do seu site, realizada na noite de quarta-feira (18) pelo seu canal no YouTube. O lançamento contou com a presença de pessoas de vários segmentos, de distintas partes do Brasil e de fora do país, com intensa participação no chat.

O momento histórico evidenciou o papel de construtora de pontes e de promotora de ações para a ampliação da consciência socioambiental que Sílvia desempenha, sobretudo entre comunicadores e jornalistas. Esse endereço "serve para a gente aprender, para trocar”, inicia de maneira modesta a apresentação do seu novo site. A artista, mediadora, mãe e empreendedora afirma que atua para ampliar a percepção do quanto a comunicação se relaciona ao clima. "Minha causa é articular ações, mobilizar pessoas, criar possibilidades para encarar a crise climática em diferentes contextos.”

Sílvia articulou um coletivo potente entre artistas, comunicadores e cientistas para compor um mosaico de visões sobre a vida durante a live. E se a proposta era mostrar um pouco da trajetória dela, que vem participando e mobilizando ações em vários projetos pelo Brasil - para a ampliação da consciência para uma transição civilizatória com mais diálogo e menos emissão de CO2 - a meta foi cumprida e ainda despertou interesse em saber mais, interagir mais, contribuir mais.

Assim transcorreu as quase duas horas de live que contou logo de início com a afetuosidade da jornalista Maria Zulmira de Souza - uma das criadoras do Repórter Eco. “A gente precisa de uma reinvenção através da alegria.” Em seguida o artista e facilitador poético Nuno Arcanjo chega com poesia para honrar e contemplar a ocasião. “Hoje é um dia divisor de águas, ar, fogo, terra, dia que uma guerreira se levanta, junta gente e cria pontes de regeneração. Hora de cuidar do nosso jardim, a Sílvia Marcuzzo é daquelas filhas inquietas de Gaia, com ela a porta sempre se abre. Hoje a live é viva.”

E como um dos focos temáticos do site é o clima, Pedro Amaral Reis, geólogo, climatologista do Centro Polar e Climático da UFRGS, apresentou alguns dados com o título: Ação é a única opção - numa analogia ao modo de ser da anfitriã. “Sílvia tem o perfil de pessoa inquieta, preocupada em manter a pauta da crise climática sempre viva, não somente em episódios de desastres.”

"Não podemos nos deter às informações que nos paralisem"

Reis apresentou cinco pontos principais do Relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas Globais): o que estamos vivendo não tem precedentes; foi causado por nós; algumas mudanças não têm mais volta (derretimento de geleiras, por exemplo); as alterações afetam todo o planeta e, por fim, sem ação rápida não evitaremos o aumento de 1,5 graus na temperatura. Mas, apesar da situação crítica, “temos escolhas, assim como ressaltou Zulmira, não podemos nos deter às informações que nos paralisem. Podemos evitar o pior e transformar o mundo para evitar o pior em termos de mudanças climáticas”.

Este lançamento é um momento muito auspicioso, diz Zulmira, chamando atenção para a necessidade de trazer mais pessoas para juntar forças, num momento da virada para as mudanças climáticas, ocasião propícia para dialogar e atrair a juventude para agir junto.

Neste clima de coletividade, Sílvia convidou o público a montar uma nuvem de palavras deste encontro histórico, chamando os participantes a escreverem duas palavras de como se sentem em contato com as informações ofertadas na live. “O poder da comunicação para apoiar transformações”, escreveu no chat a jornalista Rachel Añón, da Ponte Aponte. Já a facilitadora Mônica Lan, uma das criadoras do Emica (Espaço para Manifestação da Inteligência Coletiva Apreciativa), refletiu sobre as semeaduras, sobre o que cultivamos e os níveis de consciência que desfrutamos. Ela apresentou uma escala emocional, conforme níveis de consciência, para mostrar o quanto a recepção de notícias pode nos fazer mal, ou bem, conforme o tipo de vibração que desperta. “Estima-se que somente 15% da população mundial esteja acima do nível 200 de consciência. A força coletiva desses 15% tem o peso para contrabalancear a negatividade dos 85% restantes da população do mundo.”

O professor Luiz Felipe Nascimento, da Escola de Administração da UFRGS, que vem acompanhando o desenvolvimento de Sílvia desde a década de 1990, destacou o papel das novas formas de avaliar tarefas desenvolvidas, com a aplicação prática das aprendizagens, para isso há necessidade de conectar saberes e fazeres com a finalidade de potencializar ações positivas. “Existem muitas iniciativas que merecem ser mencionadas e que não encontram espaço nas mídias tradicionais.”

A jornalista Gisele Neuls, da Matiz Caboclo, falou diretamente dos EUA, onde se encontra para cursar doutorado. Ela ressaltou a força do trabalho integrado, a identificação de talentos e expertises de cada pessoa para conseguir contar histórias que mudam o mundo para melhor. Nesse sentido, Gisele e Sílvia já vêm realizando trabalhos conjuntos há algum tempo. “Sílvia é uma força da natureza.”

A jornalista Sandra Damiani, que também já desenvolveu diversos trabalhos em parceria com a Sílvia, contou um pouco da sua experiência junto à Rede de Amigos e Amigas do Parque Nacional de São Joaquim, em Santa Catarina. Representando a Comissão de Defesa dos Aparados da Serra, Sandra coordenou a comunicação que mobilizou a comunidade para impedir a perda de uma área grande preservada. A iniciativa produziu uma série de lives e conseguiu colocar o assunto na pauta nacional, com visibilidade no programa Fantástico, chamando atenção à preservação da biodiversidade de área protegida.

O professor aposentado da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Edvaldo Pereira Lima, autor de diversos livros, dentre os quais a recente biografia Joelmir Beting – O Jornalista de Economia Mais Influente da História do Brasil, e criador da Rede de Comunicação Construtiva, frisou a importância de compreender o momento de desafio que o planeta vive e de entender que o poder de transformar está em nossas mãos. Para tanto, a comunicação é muito mais fundamental do que se imaginava. ”A comunicação, não só a pública, mas em todos os processos da vida, aquela que nos forma e delimita a forma de ver o mundo. Precisamos sair do paradigma linear, cartesiano, limitado e simplista e adotar uma comunicação sistêmica, com uma leitura mais integral, com aspectos mais positivos da realidade. E é isso que a comunicadora Sílvia vem fazendo há muito tempo. Ela faz integração de pessoas, promoção do diálogo, recepção criativa, com visão integradora de formas de comunicação diferentes que fomentam outros campos positivos de consciência.”

Para Pereira Lima, o jornalismo necessita de mais comunicadores que façam efetivamente algo para a construção de um mundo melhor, mais sorridente e alegre, longe daqueles que constroem os abismos. “Porque quando uma semente transformadora, intencional, positiva, com consciência, é plantada, isso se multiplica, gera conexões, cria redes, cria força.”

A live encerrou com Nuno Arcanjo, diretamente de Diamantina, facilitando a vivência da noite, transpondo em poesia a biodiversidade do encontro, numa síntese das contribuições dos/as convidados/as. A atividade contou com o comando técnico de Àthila Benites, da Tecer Mais, que acolheu as inúmeras interações realizadas pelo chat.

Depoimentos:

“Esse site é o endereço de conexões, a concretização de algo que Sílvia já faz, que é apresentar e unir pessoas com interesses afins. Agora ela tem um canal próprio para isso.” Carmen Coppetti Pinto, designer de processos.

"Sílvia é uma fonte que borbulha ideias e, após a jornada de quatro meses, vemos nela uma nova escuta, com motivação abundante. Uma pessoa mais no seu lugar, que encontra conexões que realmente fazem sentido." Patrízia Bittencourt, facilitadora de lideranças da Cuidadoria. 

“A obra dela é a própria diversidade que ela propaga, num universo de obras minúsculas e maiúsculas, com barro proveniente de várias localidades.” Ben Berardi, antropólogo, curador visual e vice-presidente do Instituto Zoravia Bettiol.

* Jornalista


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Edição: Katia Marko