O senador Ciro Nogueira (PP - PI) é o exemplo de um sistema político ligado ao poder econômico, em que a classe trabalhadora, em toda a sua diversidade, não possui representação.
Seu partido integra o chamado centrão, o bloco que conforma maioria no Congresso Nacional, orientado por interesses locais, corporativos e financeiros.
Até pouco tempo, Nogueira criticava Bolsonaro e elogiava Lula. Nesta semana, foi indicado para a Casa Civil do atual governo. Isso reforça que Bolsonaro, apesar de ter dito, em 2018, que estava “fora da velha política”, na verdade tem origem no centrão e comunga do perfil corrupto, conservador, autoritário, autor de poucos projetos, defensor das privatizações e da retirada de direitos dos trabalhadores.
A manobra de Bolsonaro reforça a aliança entre governo e centrão, que andava frágil com a queda de popularidade, os protestos nas ruas e, por outro lado, ameaças de golpe do presidente e dos militares que o apoiam. O objetivo agora é evitar o impeachment e tentar garantir estabilidade ao governo até as eleições.
Se Lula e a esquerda vencerem as eleições de 2022, Ciro Nogueira voltará a chamá-lo de melhor presidente. Eles são assim mesmo. Em 2014, a esquerda exigiu uma Constituinte do sistema político. Essa bandeira tende a voltar no futuro.
Edição: Frédi Vasconcelos