Rio Grande do Sul

Cooperativismo

Com foco na agricultura familiar, Cresol amplia presença no estado 

Mesmo com a economia nacional ainda patinando, cooperativa vai inaugurar mais três unidades neste ano

Brasil de Fato | Porto Alegre |
No assentamento Filhos de Sepé, de Viamão, a Cresol apoia com financiamento as lavouras de arroz orgânico através das linhas de Pronaf Custeio - Divulgação MST

Com mais de 225 mil famílias cooperadas, o sistema cooperativo Cresol de crédito está ampliando sua presença no Rio Grande do Sul. Depois da unidade de Porto Alegre, vai inaugurar outras três em Canoas (setembro), Nova Santa Rita (outubro) e São Leopoldo (novembro).

Com isso, reforça sua atuação no meio urbano, junto a micro e pequenos empresários. Hoje, a Cresol possui operações de crédito e serviços financeiros com quatro assentamentos da Reforma Agrária em Viamão, Nova Santa Rita, Eldorado do Sul, na região Metropolitana, e Hulha Negra, no Sul do estado. 

Crédito para o arroz sem veneno

“Nosso foco é apoiar as atividades produtivas da agricultura camponesa e familiar, com as diversas atividades produtivas, no custeio das safras, máquinas e equipamentos para produção e agroindústria”, explica Gelson Ferrari, conselheiro da Cresol. A cooperativa financia a cadeia do arroz agroecológico na Grande Porto Alegre desde a produção, passando pelo beneficiamento do grão até o consumo.

No assentamento Filhos de Sepé, de Viamão, a Cresol apoia com financiamento as lavouras de arroz orgânico através das linhas de Pronaf Custeio. Também assegurou crédito para o engenho do assentamento, agregando valor à produção dos assentados. Antes, o arroz era beneficiado em plantas industriais de terceiros. 

Produtor de arroz agroecológico no assentamento, Uli Zang nota que a industrialização “permite chegar com mais qualidade em todos os mercados, incluindo o da alimentação escolar”, um dos focos da produção do Filhos de Sepé. 

Energia solar no assentamento

Em outra frente, a Cresol mantém operações com a Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados de Charqueadas (Copac). Lá, financiou a instalação de 1.500 placas para geração de energia solar, uma estrutura que atende a produção de leite, a suinocultura e o supermercado do assentamento. 

Ainda apoia iniciativas de economia solidária, pequenos empreendedores urbanos e cooperativas como Terra Livre, Girassol e Central Metropolitana de Comercialização, entre outras. No Armazém do Campo, inaugurado este ano em Porto Alegre, aportou serviços como capital de giro, conta corrente, emissão de boletos bancários e máquinas de cartão.


Agência Porto Alegre, inaugurada em dezembro de 2020, fica na Travessa Francisco Leonardo Truda, 76, no centro, muito próxima do Mercado Público e da Prefeitura / Divulgação

A diferença entre banco e cooperativa

Ferrari observa que a cooperativa recebe depósitos dos associados para aplicação financeira e depósito em caderneta de poupança e, ao mesmo tempo, possui linhas de crédito para apoio à agricultura. Para pessoas físicas, oferece cartão de crédito, seguros, crédito imobiliário, reformas de casas e veículos.  

Mas onde está a diferença entre a Cresol e um banco convencional? “As cooperativas chegam até as comunidades, ouvem as pessoas, tratam com o desenvolvimento local”, argumenta Ferrari. “Ao mesmo tempo – prossegue – distribuem as sobras do exercício aos associados, enquanto os bancos apostam em cidades maiores, focam seus serviços em grandes empresas e pessoas de maior poder aquisitivo”, acentua. Nota ainda que os resultados “ficam com os empresários donos do banco, que geralmente são grandes empreendimentos”. 

“Quando tu estás bem de grana – ele continua – o banco tradicional corre atrás e te oferece as mais variadas facilidades e formas de crédito. Basta não ter mais o bom salário ou os mesmos ganhos, e já reduzem ou até acabam com as ofertas e vêm as cobranças e mais cobranças.”

“Trabalhador também é dono”

Ferrari argumenta que os grandes negócios que, em geral pertencem aos mais ricos, não acontecem por que o rico usa seu próprio dinheiro para aplicar na empresa. “Ele pega dinheiro emprestado do banco. E vai pagar a longo prazo, jogando o valor distribuído pelos produtos ou serviços que vai vender”, diz. 

“O micro e o pequeno empresário muitas vezes não têm nem bens para dar de garantia de um empréstimo que poderia ser um incremento no seu negócio e ele fica sempre… pequeno. Esta é a lógica do capitalismo financeiro, que valoriza quem tem mais e não quem precisa mais”, pontua. E esclarece: “Foi por isto que surgiram as cooperativas de crédito. Para servirem de alternativa a quem não consegue crédito nos bancos tradicionais. E o melhor é que, na cooperativa de crédito, o trabalhador não é só um “cliente”. É dono também”.

Nascida em 1995, no interior do Paraná, a Cresol opera, além do estado natal e do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas.


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Edição: Katia Marko