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AMÉRICA LATINA. Diante do imperialismo dos EUA, não há estabilidade possível no continente

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Desde que Chávez se convirtió en presidente, el gobierno de Estados Unidos y sus aliados han tratado de desestabilizar al gobierno de Venezuela - Reproducción
O continente assistiu ao assassinato do presidente do Haiti e desestabilização em Cuba e Nicarágua

Um balanço histórico dos vinte anos recentes na política latino-americana apresentam neste momento lições importantes para as lutas populares.

A velha advertência de Ernesto Che Guevara sobre o caráter do imperialismo e sua intervenção sobre nossos povos segue, infelizmente, atual.

O principal ensinamento é a percepção de que governos de esquerda, ao vencer eleições, mesmo quando amparados por apoio das massas populares, não encontram terreno estável para operar suas políticas.

As intervenções por parte do governo dos EUA seguem permanentes e na ordem do dia. Embora analistas da mídia empresarial busquem escantear o conceito, o imperialismo segue buscando brechas, fragilidades e o momento oportuno para a desestabilização – hoje em dia com forte aparato das tecnologias digitais. A mudança de governo nos EUA tampouco altera esse cenário.

Em julho, em poucas semanas, o continente assistiu ao assassinato do presidente do Haiti, o conservador Jovenel Moïse, com acusação de participação de paramilitares colombianos, alguns deles treinados nos EUA. Nicarágua e, sobretudo, Cuba vivem processos recentes de desestabilização. No caso da ilha, fomentando a oposição interna e aproveitando as consequências de um embargo econômico que piora as condições de vida, principalmente em tempos de pandemia.

Num histórico recente, podemos elencar ações como essas de desestabilização, chegando a golpes de Estado. Em uma breve lista, elencamos a invasão de direta no Panamá (1989); as quedas de presidentes no Haiti (1991, 2004, 2021); a desestabilização e confronto contra a Venezuela (2002, 2017), já vítima de bloqueio econômico; a revolta de policiais no Equador contra o governo de Rafael Correa, em 2010; a tentativa de golpe na Bolívia de Evo Morales (2008 e consumado em 2019), e os golpes em Honduras (2009), Paraguai (2012) e Brasil (2016).

O golpe de Estado aplicado na Bolívia contra o governo de Evo Morales e Álvaro Garcia Linera foi revertido em um ano de intensas mobilizações, que permitiram o retorno do MAS ao governo na Bolívia – o que se configura como outra lição fundamental.

Do que se convencionou chamar de ciclo de governos progressistas latino-americanos, é fato que resistiram até aqui Cuba, Venezuela e Nicarágua. Sobre esta última, não tenho elementos para análise. Já sobre o processo bolivariano, mesmo em um momento de dificuldades econômicas, a permanência se deve, a exemplo de Cuba, na formação de um corpo jovem e progressista militar, se deve às políticas de direitos sociais e, sobretudo, ao envolvimento e construção do processo por parte da população.

Um elemento novo que merece ser observado e será tema de próxima coluna: em uma conjuntura de profunda crise social, política e sanitária, o destaque dos governos de López Obrador no México e Alberto Fernandes na Argentina, com medidas democráticas e populares, que ampliam os prognósticos iniciais mais pessimistas, e merecem ser observados até onde caminham, seja na relação com as aspirações populares, seja no enfrentamento contra os setores conservadores que já se posicionam.

A exemplo do que ocorreu no Brasil e não pode ser repetido, os governos que acreditaram em estabilidade, na possibilidade de equilíbrio com as oligarquias locais e com o imperialismo, sem a construção de hegemonia por parte da classe trabalhadora, o resultado é frágil. É previsível.

Devemos olhar para trás, aprender com as fragilidades da esquerda e seguir construindo a base organizativa para um novo momento para a luta dos trabalhadores, no Brasil e em nosso continente.

 

Edição: Frédi Vasconcelos