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Black blocs bolsonaristas e PM infiltrada: muito cuidado com eles nas manifestações

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É de se perguntar por onde andavam os chamados black blocs durante as manifestações populares ocorridas desde o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff em 2016? - Créditos da foto: @caiodcouto / Mídia NINJA
As cenas mostram uma espécie de coreografia ajustada dos bolsoblocs com a tropa de choque da PM

É de se perguntar por onde andavam os chamados black blocs durante as manifestações populares ocorridas desde o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff em 2016? E lá se vão cinco anos e agora reaparece a turma, com as mesmas práticas de puro vandalismo e provocando a repressão aberta contra os atos.

Os episódios de depredação ocorridos na etapa final da manifestação “Fora Bolsonaro” em São Paulo, neste sábado (3), revelam que uma mão não tão invisível balança, ou melhor, financia a ação dos black blocs.

As cenas mostram uma espécie de coreografia ajustada dos bolsoblocs com a tropa de choque da PM paulista, um ninho robusto de bolsonaristas.

O roteiro é sempre o mesmo: A manifestação começa, e depois, geralmente na etapa final da manifestação, começa uma ação de quebradeira de vidraças de bancos, concessionárias de veículos, vitrines de lojas e a queima de sacos de lixo. Surge a tropa de choque e a pancadaria se generaliza, dispersando os manifestantes e a população ao redor.

Foi assim o modus operandi contra as manifestações promovidas pelo Movimento Passe Livre (MPL) em 2013, gerando um fator que contribuiu para esvaziar o movimento reivindicativo e abrir o caminho para a captura dos atos pela extrema direita verde-amarela.

A tropa de choque da PM e os black blocs parecem realizar uma competição pela violência. É difícil acreditar que o comando da PM não tenha uma atuação preventiva e de inteligência para evitar a ação deletéria dos chamados black blocs, que agem como legitimadores das ações repressivas – numa tentativa de desmoralização dos objetivos da campanha pelo Fora Bolsonaro.

A ação dos black blocs bolsonaristas teve um impacto reduzido no andamento da exitosa e massiva manifestação de São Paulo, mas forneceu combustível para a campanha contra as jornadas pelo Fora Bolsonaro, que ganha mais adesão e apoio popular a cada ato. O próprio presidente genocida espalhou imagens sobre o episódio nas redes sociais, tentando carimbar as manifestações como ações de violência e terrorismo promovidos pelos partidos de esquerda e os movimentos sociais.

A ação dos bolsoblocs e de setores da PM infiltrados pelo bolsonarismo é uma questão que precisa ser tratada com atenção pela frente única da campanha Fora Bolsonaro neste momento de retomada das ruas pela esquerda. Trata-se da adoção de medidas práticas que evitem novos episódios de provocação e as tentativas de descaracterização do movimento.

As manifestações crescem a cada rodada e estão encurralando o governo de Bolsonaro e dos generais, deslocando o cenário político na direção do protagonismo da esquerda, contribuindo também para isolar a velha direita neoliberal, que tenta de forma desesperada encontrar uma terceira via e garantir a continuidade da agenda de recolonização neoliberal do país – sem a truculência e os maus bofes do bolsonarismo.

Portanto, como diziam os mais antigos, todo cuidado é pouco. Afinal, nas ruas não há regimento interno – e nem mesa diretora.

 

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Pedro Carrano