Paraná

Lindolfo vive

Comunidade Emiliano Zapata inaugura bosque em homenagem a Lindolfo Kosmaski, no PR

Ato ocorreu no sábado (12) e também marcou o aniversário de 18 anos do pré-assentamento em Ponta Grossa

Curitiba (PR) |
Camponês de 25 anos foi assassinado no dia 1º de maio - Foto: Lucas Souza e Valmir Fernandes

A comunidade Emiliano Zapata, de Ponta Grossa (PR), comemorou no sábado (12) 18 anos de existência e inaugurou o Bosque da Biodiversidade Lindolfo Kosmaski, em homenagem ao jovem camponês de 25 anos, assassinado no dia 1º de maio, vítima de homofobia.

Araucária, canela, amora e jabuticaba são algumas das plantas que foram cultivadas como “símbolo da vida”, conta Neumari de Souza Leite, coordenadora da comunidade. “É em homenagem e a gente quer também justiça, por esse crime cruel que foi cometido com ele”, diz.


Árvores frutíferas foram plantadas como símbolo de vida / Lucas Souza e Valmir Fernandes

Lindolfo era professor, formado no ano de 2018 no curso de Licenciatura em Educação do Campo, Ciências da Natureza, com ênfase em Agroecologia, pela Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), localizada no assentamento da Lapa. O jovem foi mais uma vítima da LGBTfobia, em um dos países onde mais se mata pessoas LGBT no mundo.

As árvores frutíferas que foram plantadas no bosque que brota na beira da rua do Taico são, nas palavras de Neumari uma “homenagem a ele [Lindolfo], para que no futuro a gente possa colher os frutos que estamos plantando aqui hoje.”

Além dos moradores da comunidade, também participaram do ato os pais de Lindolfo; integrantes da APP-Sindicato; da ELAA; e de outras entidades apoiadoras da comunidade. 


Ato aconteceu no sábado (12) / Lucas Souza e Valmir Fernandes

18 anos de resistência

Localizado a 20 km da cidade de Ponta Grossa, no acampamento Emiliano Zapata vivem 70 famílias, divididas em 50 unidades produtoras - denominação escolhida pela própria comunidade ao invés do usual “lote” -, que cultivam cereais, hortaliças, árvores frutíferas, ervas medicinais e possuem diversas criações.

A produção é usada para o consumo próprio das famílias e o excedente é comercializado principalmente para merenda escolar (via Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE) e nas Feiras Verdes de Ponta Grossa, através da Cooperativa Camponesa de Produção Agroecológica da Economia Solidária (Cooperas).

Previamente organizados no município de Palmeira, mais de 150 famílias conquistaram a área atual em 2003. O território pertencia à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e, de acordo com o MST, estava sendo utilizado para o cultivo de pinus elliottii, com fins econômicos da iniciativa privada, e também plantio de soja e experimentos com sementes transgênica. Também nesta área estava ocorrendo o processo de tomada de terra públicas através de grilagem. 

Edição: Lia Bianchini