Paraná

Pandemia

Comissão da UFPR alerta para necessidade de medidas urgentes contra Covid-19

É provável que o pico de número de casos da nova onda ocorra nas próximas 2 ou 3 semanas

Curitiba (PR) |
"Sistema de saúde não suportará uma nova escalada nos números de internamento", alerta comissão - Foto: Giorgia Prates

A Comissão de Acompanhamento e Controle de Propagação do Novo Coronavírus da Universidade Federal do Paraná (UFPR) emitiu, neste mês de maio, nova nota técnica a partir de análise aprofundada do atual cenário da pandemia no Paraná. O documento recomenda planejamento do governo estadual e a adoção de medidas urgentes para conter a elevação da curva de infecção no estado, que pode gerar pressão no sistema de saúde ainda abalado pela alta de casos a partir de março de 2021.

A comissão reforça que o descumprimento por parte da população das medidas restritivas acarreta uma reação em cadeia no aumento dos índices de infecção, nas taxas de internamento e de mortes. No contexto atual, a Comissão alerta que, considerando o tempo de incubação e tempo de internação dos doentes, é provável que o pico de número de casos da nova onda ocorra nas  próximas  duas ou três semanas, e o de internações e óbitos nos próximos 30 dias.

Isolamento social baixo

Entre os pontos analisados pela Comissão, destaca-se a redução no índice de isolamento social em todas as cidades paranaenses. Segundo a nota, "dados do boletim da SESA [Secretaria de Estado da Saúde] mostraram claramente que o índice diário de distanciamento social tem flutuado entre 45 e 52%, abaixo do necessário para conter a alta da taxa de contaminação. Em outra análise utilizando dados do Laboratório de Estatística e Geoinformação da UFPR, a Comissão observou que a taxa de mobilidade no PR apresenta tendência de alta  em atividades  de 'varejo/lazer', enquanto apresenta queda em 'residência'.”

Segundo os pesquisadores que integram a Comissão, após os períodos de baixo isolamento social, as taxas de casos aumentam e depois as mortes se mostram também crescentes.

Sistema de saúde não suportará nova onda

A Comissão analisou também a tendência na ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para internações decorrentes da Covid-19. “Em Curitiba e em todas as macrorregiões, a ocupação de leitos de UTI exclusiva para Covid-19 vem se mantendo acima de 90%. O atual virtual esgotamento de leitos de UTI Covid-19 demonstra que o sistema de saúde não suportará uma nova escalada nos números de internamento e, por isso, reforçamos a necessidade de esforços para conter a taxa de transmissão do SARS-CoV-2”, diz a nota.

Taxa de reprodução em alta

A análise do número de reprodução efetivo (RT) é importante, pois mostra o declínio ou expansão da doença na comunidade. Segundo a nota técnica da Comissão, “o RT médio semanal no Paraná, calculado pelo Laboratório de Estatística e Geoinformação da UFPR, indica que o valor está se mantendo acima de 1 desde o final do mês de abril, indicando aumento de novos casos. Em Curitiba, o RT tem se mantido acima de 1 desde 27 de abril.”

A Comissão Técnica ressalta que a Covid-19 mostra tendência de expansão a partir de patamares muito altos, um cenário que pode se levar a aumento exponencial do número de infectados no estado do Paraná

Falta de planejamento do governo

“Embora as  medidas de restrição adotadas pelo Governo do Estado e pela Prefeitura [de Curitiba], tenham se mostrado eficientes em conter o avanço em ritmo acelerado em março e abril, com o relaxamento das medidas, houve rápido aumento das taxas de mobilidades”, assinala a Comissão. 

A previsão de aumento do número de casos, nessa análise da Comissão, indica que os cuidados necessários para conter novo aumento de casos têm sido implementados de forma ineficientes e há falta de planejamento por parte do governo estadual. “Há a necessidade de novas estratégias que sejam efetivas no controle da transmissibilidade nos períodos pós picos, de forma a assegurar a redução do número de casos e pressão do sistema de saúde de forma contínua e progressiva. Desta forma, haveria oportunidade de atuação com medidas que trazem menor impacto negativo sócio-econômico como as geradas por medidas mais restritivas, buscando assim evitar a adoção súbita de medidas mais severas”, recomenda o documento. 

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini