Rio Grande do Sul

OPINIÃO

Artigo | Cuba tem 732 mortes por covid-19 e não há mágica, lá saúde é prioridade

Bélgica e Suécia, com populações semelhantes e PIB muito maiores, somam dezenas de milhares de vítimas fatais

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Além de imunizar sua própria população com a vacina Soberana, Cuba quer também levar o fim desse pesadelo a outras nações, a começar pelo pobre Haiti - Abel Padrón / Cubadebate

Cuba, Bélgica e Suécia têm contingente populacional muito próximo: são 11,3 milhões de habitantes em Cuba, 11,6 milhões na Bélgica e 10,1 na Suécia. Diferem, porém, esses países quanto ao Produto Interno Bruto (PIB): enquanto o PIB do país caribenho não ultrapassa 100 bilhões de dólares, as duas nações europeias alcançam cada uma 530 bilhões de verdinhas.

Contraditoriamente, o enfrentamento à covid em Cuba tem se mostrado de longe muito mais eficiente. Em Cuba até o momento foram 732 mortes por covid, enquanto na Suécia esse número está em 14.173 e na Bélgica já em 24.511. Qual é a mágica cubana? Não há mágica. Em Cuba, saúde é prioridade.

Os habitantes da Ilha dispõem de um sistema de saúde pública muito bem estruturado, que vem atuando por zonas de contenção, valendo-se de testagens e isolamento. Identificada uma zona crítica, por exemplo, caminhões com alimentos e outros produtos primários vão até lá, evitando assim a locomoção de prováveis pessoas contaminadas para as demais zonas.

O período mais crítico da pandemia da covid na Ilha foi quando morreram cerca de 13 a 14 pessoas por dia. Em Cuba, o governo de fato priorizou o combate à pandemia, numa união já histórica entre política humanitária e ciência, isto é, tomando as medidas necessárias que a ciência já demonstrou que devam ser tomadas para a preservação de vidas humanas. E isso num país que, por mais de 60 anos, sofre o embargo dos EUA, o que tem dificultado a importação de uma série de insumos e equipamentos, e que, desde os anos 90, com a queda da URSS, perdeu seu parceiro mais importante.

Mas os cubanos não se entregam e, ao menos por agora, num momento em que o mundo se ressente dos efeitos de uma pandemia avassaladora, seguem quase incólumes. Já têm hoje, inclusive, uma vacina, a Soberana, com a qual, além de imunizar sua própria população, querem também levar o fim desse pesadelo a outras nações, a começar pelo pobre Haiti, que até o momento nem sequer começou a vacinar.

* Conrado Chagas é professor do IFSul, Campus Charqueadas

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.


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Edição: Marcelo Ferreira