Naquela manhã, Yridiu ligou o rádio bem cedo. As notícias reverberaram contra o peito. Fato indefinido levou-o a consultar as gavetas. Abriu-as uma a uma. Mofadas soltavam no ar apelo arfante. Yridiu apalpou coisas - álbuns, cartões, estatuetas, livros, pedras, canetas usadas, réguas, fitas, fotos-vai-saber-de-quem. Cada lance embalsamado pelo inútil. Artifícios do que se foi. Em meio à bagunça, a fita azul. Lembrou-se de HOLOCAUSTO, Caio Fernando Abreu. Perfeito mal-estar. Entendia o que jamais percebera. Caio morto. O pulsar das palavras alto demais.
Edição: Pedro Carrano