Rio Grande do Sul

Debate

Avança frente de oposições para conter tragédia da covid-19 e o desmonte do Brasil

PT, PSOL, PDT e PSB defendem unidade imediata para defender vacina, auxílio emergencial e travar destruição do país 

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Live promovida pelo Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito reuniu representantes do PT, PSOL, PDT e PSB - Reprodução

“Sou favorável à unidade da oposição já, com a elaboração de uma carta compromisso e para trabalhar em um projeto de reconstrução nacional.” A declaração é do ex-ministro e ex-presidente nacional do PT José Dirceu, na noite desta sexta-feira (19), durante live promovida pelo Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito. O debate reuniu representantes do PSOL, PT, PDT e PSB.

“Temos quer dizer ao povo que estamos juntos para combater a pandemia e o desmonte do Estado”, reforçou o vice-presidente do PSB, o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho. Ele propôs que a frente a ser formada também inclua movimentos sociais, cientistas, intelectuais e instituições da sociedade civil.

Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, salientou que a “frente de resistência” poderia incluir todos aqueles que se contrapõem ao governo Bolsonaro. “Se o (presidente da Câmara) Arthur Lira, o (presidente do Senado) Rodrigo Pacheco e o (deputado Rodrigo) Maia quiserem apoiar, nós vamos recusar? Não!” 

Reparou que o problema está na fração da direita liberal, que recusa Bolsonaro, mas tem medo de fortalecer a oposição à esquerda. Argumentou, porém que, mais tarde, para propor uma saída para o Brasil após Bolsonaro sair do caminho, a construção terá que ser da esquerda e da centro-esquerda.

“Um Hitler, um Belzebu”

“Bolsonaro é um Hitler dos tempos modernos. É um Belzebu. É parceiro do assassinato de centenas de milhares de brasileiros”, atacou o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, sustentando que a unidade “já existe para derrotar o tirano no poder”.

Acentuou que “não temos (os partidos de oposição) grandes diferenças”. Propondo esclarecer e mobilizar a opinião pública, notou que a oposição de esquerda e centro-esquerda soma apenas 135 deputados em 513 na Câmara, o que demonstra que o enfrentamento parlamentar é insuficiente. 

Lula deixa Bolsonaro “muito incomodado”

“Não podemos reduzir nossa resistência ao Congresso”, concordou Coutinho. Destacou que os movimentos do ex-presidente Lula, ao voltar à cena política, assemelham-se a “um governo paralelo”, que “está deixando Bolsonaro profundamente incomodado”.

Na opinião do vice-presidente do PSB, a frente deveria ter, por exemplo, um comitê científico. “As próximas semanas serão terríveis. Está faltando tudo nos hospitais. O estrago de Bolsonaro nenhuma ditadura fez”, comparou.

A frente defenderia ainda o aumento do auxílio emergencial  - “pagar R$ 200 é uma afronta” -, apoiaria medidas de maior acesso à vacina, de combate à carestia e também começaria a trabalhar pontos de convergência entre os partidos.

Medeiros acrescentou que Belém, onde a prefeitura é do PSOL, está pagando um auxílio municipal de R$ 450,00, três vezes superior ao da União. 

“Bolsonaro vai perder”

Para Dirceu, é necessário para as oposições “humildade, diálogo e não colocar nenhuma candidatura como definitiva”. Entende que está se tornando cada vez mais difícil Bolsonaro concluir seu mandato. “Seu governo é uma desorganização total em meio a uma tragédia humanitária.” 

Mas se o presidente sobreviver a tudo o que está ocorrendo? “Ele perderá a eleição do segundo turno”, previu. Embora não veja condições para um golpe militar, admitiu que “temos que estar preparados para isso também”. 

Medeiros avalia que os milhares de oficiais distribuídos por cargos de confiança na Esplanada dos Ministérios não estariam pensando em golpear a Constituição. “Eles foram para o governo para ganhar dinheiro”, interpreta. 

A direita terá sua frente

“As informações de que dispomos são de que não há conforto entre eles (com a performance de Bolsonaro). “Se dependesse só de Bolsonaro haveria fechamento”, reconhece. O presidente estaria confiando em forças paramilitares mais alinhadas ao bolsonarismo, como milicianos, clubes de tiro e ruralistas.

Dirceu afirmou que, quem assumir o Brasil em 2023, não contará com maioria no Legislativo. E terá por diante “uma tarefa gigantesca”, dado o desmonte do Brasil promovido pela ultradireita. 

Recordou que, em 2018, o candidato então no PSL arrastou 2/3 dos eleitores do PSDB. “Hoje, esse eleitorado quer uma submissão ao capital financeiro mas não quer o Bolsonaro. Sabem que vamos derrotá-lo”, analisou. 

Após observar que até a TV Globo passou a disputar a oposição a Bolsonaro, advertiu que as esquerdas devem se mexer logo para afirmar sua unidade. “Eles (a direita liberal) vão montar a sua frente. Esperem só para ver.”

Assista a íntegra da live

 
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Posted by Brasil de Fato RS on Friday, March 19, 2021

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Edição: Katia Marko