Paraná

Covid-19

Sem doses suficientes, Paraná terá que rever cronograma de vacinação

Estado tinha como objetivo vacinar 4 milhões de pessoas até maio. Só 479 mil pessoas receberam o imunizante

via Porém.net |
Vacinação começou em 18 de janeiro, no Paraná - Giorgia Prates

O Paraná não vai atingir a meta de vacinação até maio de 2021, de acordo com o Plano Estadual de Imunização. Muito menos o planejado para todo ano, se for mantido o ritmo atual. O fracasso foi admitido pela Secretaria Estadual de Saúde a representantes do Ministério Público do Trabalho do Paraná e Centrais Sindicais. O estado tinha como objetivo vacinar o total de quatro milhões de pessoas, o que representa oito milhões de doses. Mas a derrocada do contrato com a Sputinik V e a demora do envio das doses do Governo Federal travaram o plano.

A meta inicial do estado é imunizar quatro milhões de pessoas do grupo prioritário. Após isso, o estado calcula que a população acima de 18 anos de idade ainda não vacinada perfaz um total de 8.736.014 pessoas. Contudo, até aqui, o Governo de Ratinho Junior (PSD) só conseguiu vacinar 479 mil pessoas. Curitiba, que enfrenta colapso do sistema de saúde e adotou a bandeira vermelha, ainda está imunizando pessoas acima de 77 anos, o que configura a "prioridade 5" num total de "21 prioridades" listadas no plano de imunização.

O fracasso foi reconhecido pelo doutor Cesar Neves, que é chefe de gabinete do secretário de saúde, Beto Preto, em reunião com o Fórum em Defesa da Liberdade Sindical do Estado do Paraná. A entidade cobra a formação de um comitê tripartite de combate à pandemia. Segundo o doutor, a dificuldade de se atingir a meta está na falta de vacinas, não na capacidade de aplicação.

“O Governo Federal não manda as vacinas que prometeu. Não recebemos nenhuma vacina produzida no Brasil. Não vamos vacinar quatro milhões de pessoas no Paraná até maio. Quero acreditar que vamos mudar isso”, roga o chefe de gabinete.

Além de não vacinar os grupos prioritários, o Paraná está expondo trabalhadores à contaminação, na avaliação do presidente do Sindicato dos Engenheiros (Senge-PR), Leandro Grassmann. Para ele, sem vacinas, o governo deveria rever a listagem de serviços considerados essenciais.

“Existem dezenas de milhares de trabalhadores na Copel, Sanepar e Compagas que estão sendo obrigados a trabalhar em muitas manutenções que poderiam ser postergadas. 9,5% dos empregados já tiveram Covid. E são trabalhadores preteridos na vacinação. Que essencial é esse que não tem direito a ser vacinado prioritariamente?”, questiona Grassmann.

Podia ter mais vacina

A realidade no Paraná poderia ser diferente se o Governo do Paraná não tivesse alinhamento ideológico ao Governo Federal de Jair Bolsonaro (sem partido). O estado perdeu a possibilidade de produzir a Sputinik V por conta dessa aliança.

Além disso, o estado cedeu a pressão do ex-presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, para não produzir a vacina russa, conforme queria o governo Bolsonaro, segundo revelou o deputado estadual Tadeu Veneri (PT). Na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Veneri disse que o Paraná tomou um chapéu do deputado federal paranaense Ricardo Barros (PP), lobista da União Química e líder do Governo no Congresso Nacional, levando a produção para outro estado.

O petista cobrou Ratinho Junior. “Do nada, o governo desistiu do convênio e, coincidência ou não, a União Química anunciou que era representante da vacina russa no Brasil. As pessoas estão morrendo, governador. Não podemos permitir que isto continue”, cobrou o deputado petista.

Edição: Lia Bianchini