Paraná

Pandemia

Após encontros presenciais, professoras de Curitiba morrem por Covid-19

Sindicato e categoria reivindicaram o não retorno presencial das escolas no início do ano

Curitiba (PR) |
sala de aula cheia
Em uma semana, três professoras de Curitiba morreram devido ao coronavírus - Créditos da foto: Rafael Fernandes (SEE/MG)

Curitiba chegou em 2021 a mais de três mil mortes por coronavírus e voltou a apresentar crescimento acelerado de contaminados. No pior momento da pandemia na cidade, os trabalhadores da educação da rede municipal de ensino foram convocados, em fevereiro, para reuniões presenciais com equipe pedagógica e pais, além de uma primeira semana de aula presencial.

Tanto o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal (Sismmac) como a categoria de professores e funcionários chegaram a pedir à Secretaria Municipal de Saúde que essas atividades fossem realizadas de forma remota. Quinze dias após, comunicados informando casos de contaminação entre professores e alunos começaram a ser divulgados. E, pior, com a morte de professoras.

Em uma semana, três professoras morreram devido ao coronavírus. Todas estiveram nas atividades presenciais de fevereiro. A professora Noêmia Martins Coimbra, de 41 anos, morreu na segunda-feira (01/03), a professora Maria Aparecida das Graças Mega, 52 anos, faleceu no sábado (6) e a professora Francelize Ramalho de Oliveira, de 36 anos, morreu na terça-feira (2).

 


A A professora Noêmia Martins Coimbra, de 41 anos, morreu na segunda-feira (01/03) / Arquivo pessoal

Em nota, o Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) lamentou as mortes e cobrou medidas. “Enquanto não houver medidas efetivas por parte dos governos para restringir a circulação de pessoas e garantir condições de subsistência às famílias, esses números vão seguir crescendo mais e mais a cada dia”, afirma.

Escolas sem proteção

A professora da rede municipal e Doutora em Educação, Diana Abreu, relata que a Prefeitura de Curitiba vendeu uma imagem de segurança nas escolas que não condiz com a realidade. “Tivemos cinco dias de reuniões presenciais antes do Carnaval, depois mais dois dias e ainda uma semana de aula em formato híbrido. Logo depois, começaram a aparecer servidores contaminados pelo coronavírus. Todas estas atividades poderiam ter sido feitas deforma remota. Além disso, a Prefeitura vendeu uma imagem para a população de protocolos seguros nas escolas. Mas, assim que as aulas retomaram, começaram os relatos de professores com inúmeras situações como impossibilidade de fazer distanciamento entre as crianças, máscaras distribuídos de baixa qualidade, Epis insuficientes para professores,” conta. 

 O Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba – SISMMAC – que representa 15 mil professores, em audiência, no dia 02 de março, com o Ministério Público do Trabalho –MPT - apresentou as inúmeras denúncias sobre a fragilidade nos protocolo. Foi solicitado ao MPT que entrasse com uma ação judicial contra a Prefeitura, exigindo que o retorno presencial seja condicionado à vacinação de todos os trabalhadores da educação e que, além disso, mesmo com a vacinação é necessário que a administração se responsabilize e garanta medidas de proteção à saúde, como o fornecimento de água, espaço para o distanciamento social, número máximo de alunos em sala de aula, ventilação adequada, entre outras medidas. Nesta audiência, nenhum representante da Secretaria Municipal de Educação compareceu.  

O Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação que até o fechamento da edição não enviou resposta.  

 

Após pressão, Prefeitura recua e prorroga suspensão das aulas 

Comunicado oficial foi feito na tarde desta segunda-feira (8), no site da Prefeitura. Após a pressão dos trabalhadores da educação e o avanço da pandemia em Curitiba, a Prefeitura de Curitiba suspenderam as aulas presenciais até o dia 6 de abril. A categoria vem reivindicando desde o início de fevereiro que o ensino permaneça no formato remoto até que os trabalhadores da educação sejam vacinados e que as unidades sejam adaptadas para receber os alunos. Entretanto, a gestão Greca insistiu no retorno presencial, mesmo com um protocolo insuficiente. 


A professora Francelize Ramalho de Oliveira, de 36 anos, morreu na terça-feira (2). / Arquivo pessoal

 

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini