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Petróleo

Preço alto dos combustíveis faz parte do desmonte do Estado, dizem petroleiros

Tema foi parte do debate realizado pelo Programa Quarta Sindical, neste dia 10/03

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Política dos preços de combustíveis praticada pelo atual governo foi tema do Programa Quarta Sindical - Divulgação

A direção da Petrobras anunciou nesta segunda-feira (8) o sexto reajuste este ano da gasolina e do óleo diesel, que, apesar de produzidos nas refinarias brasileiras com petróleo nacional, são vendidos a preços internacionais e custo de importação. Uma conta que não fecha para os consumidores brasileiros, pois é baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI). política de reajuste dos derivados de petróleo que foi implantada em 2016 no governo Temer e mantida pelo governo Bolsonaro.

A partir de terça-feira (9), a gasolina será reajustada em 8,8% nas refinarias e o diesel em 5,5%. O litro da gasolina em suas refinarias passará a custar, em média, R$ 2,84 – alta de R$ 0,23 em relação ao valor anterior. O diesel será vendido por R$ 2,86 por litro - alta de R$ 0,15. Com esses aumentos, os reajustes acumulados nas refinarias são de 54% na gasolina e 41,6%, no diesel.

Sobre a política de preços dos combustíveis, o Programa Quarta Sindical , realizado em parceria entre o Brasil de Fato Paraná e a CUT Paraná, fez um debate com a participação do presidente do Sindipetro PR/SC, Alexandro Guilherme Jorge e da diretora da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cibele Vieira.

Alexandro ao explicar a atual política de preços de combustíveis no Brasil destacou que ela tem início em 2016, após o golpe que tirou Dilma Rousseff da presidência da Republica. “Essa mudança começa pós golpe, no governo Temer. Os principais movimentos acontecem diretamente na exploração do petróleo e na precificação dos derivados. Nós antes tínhamos uma política da Petrobras com suas 13 Refinarias pelo país que precificava estes derivados levando em consideração seus custos e a produção de petróleo nacional. Em 2016, o que mudou foi que o governo deixou de lado o interesse público, a defesa da soberania nacional e começou a seguir os preços internacionais e se submeter ao preço e oscilações do dólar,” explica.

Sobre os motivos para o preço subir tanto, Alexandro reitera que “o valor que a política atual que seguiu a de 2016 leva em conta a dolarização e os preços internacionais. Ainda acresce um valor de importação que é como se estivéssemos trazendo petróleo de fora, mesmo ele sendo produzido em território nacional. Em outros momentos levava se muito tempo para ter um reajuste. Agora, já estamos no terceiro reajuste consecutivo. Algo que não víamos desde o ano de 2000,” diz.  

Cibele contextualiza ainda a luta pelo petróleo como um bem da população e de soberania nacional. “A questão do petróleo sempre foi uma disputa desde antes de ter a Petrobras. Importante lembrar que a Petrobras surge fruto das lutas do movimento popular. Foram sete anos de campanha do “Petróleo é Nosso” para então existir a Petrobras. Quando chegamos em 2016, começa um desmonte do Estado através de uma concepção de servir o mercado e não garantir a defesa do patrimônio público e soberania nacional. A política de desmonte se afunila na venda de refinarias, por exemplo,” conclui.

Preços justos para população

Sobre a proposta dos sindicatos e da Frente Única dos Petroleiros (FUP) a respeito da política de preços de combustíveis ideal e que atenda os interesses da população e não do mercado, Alexandro faz uma análise dos preços globais e o potencial brasileiro como produtor de petróleo. “O Brasil não tem os maiores preços mundiais para gasolina e diesel. Os grandes produtores, porém, não tem preços maiores que o do Brasil. Então, o que é possível verificar,quando olhamos para o mundo, é que o Brasil é um dos maiores produtores de petróleo. Temos Refinarias, temos potencial para ampliar o Parque de Refino e, justamente por isso, por determos todo o processo de distribuição é que poderíamos entregar um preço justo para a população e, ainda, o excedente ir para o lucro na importação,” diz. 

“Mas o mais importante aqui é compreender que se trata de uma estatal que, na Constituição está que deve atender interesse público. Por isso, priorizar o mercado não está incluído.”, destaca Alexandro.  

Cibele explica que a proposta defendida pelos sindicatos e a todos que defendam a Petrobras é reduzir o custo nacional. “Temos em nossas mãos toda a cadeia da produção até a distribuição. O que vem sendo feito é em cada parte deste processo, aumenta-se o preço para se justificar o valor alto que chega para o povo. O que a gente defende é que em vez de você maximizar cada etapa do processo, você garante preços baixos e exporta o petróleo, que vai trazer sim lucro e garante um preço justo. Importante relembrar que antes era feito desta maneira e tivemos anos com lucro muito maior que agora.”

Enquanto a Petrobras reajusta pela sexta vez os combustíveis este ano, os sindicatos da FUP intensificam as ações solidárias de venda subsidiada da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, mostrando para a sociedade que é possível comprar derivados de petróleo por preços justos. A apesar de produzidos nas refinarias brasileiras com petróleo nacional, os combustíveis são vendidos a preços internacionais e custo de importação. 

Para ampliar esse diálogo com a população, os petroleiros farão novas ações solidárias nos próximos dias em diversas regiões do país, cujo calendário será divulgado em breve. Na semana passada, nove municípios do país foram atendidos pelas ações da FUP e de seus sindicatos, que junto com a CUT e movimentos sociais, distribuíram 22 mil litros de gasolina a R$ 3,50 o litro, 10 mil litros de óleo diesel a R$ 3,09 o litro, e 450 botijões de gás de cozinha a R$ 40,00 o botijão de 13 kg. 

Greve

Nesta quarta-feira, 10, os trabalhadores do Sistema Petrobras entram no sexto dia de greves na Bahia, no Amazonas, no Espírito Santo e em São Paulo, com novas adesões. Na Bahia, além da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), cujos trabalhadores retomaram a greve na última sexta-feira, 05, o movimento foi intensificado com a adesão dos trabalhadores dos campos terrestres de Taquipe, que também lutam por segurança e contra a precarização e as demissões causadas pelas privatizações.

Com pautas de reivindicações diversas, os sindicatos da FUP denunciam os impactos das privatizações nas relações de trabalho, em função das transferências compulsórias feitas pela gestão da Petrobras, da redução drástica de de efetivos e do sucateamento das unidades, principalmente as que estão sendo vendidas. O resultado desse desmonte é o risco diário de acidentes, sobrecarga de trabalho, assédio moral e descumprimento rotineiro do Acordo Coletivo de Trabalho.

 

Acesse aqui : O Programa Quarta Sindical na íntegra. E, não esqueça,  o Quarta Sindical vai ao ar, ao vivo, sempre a partir das 11:30

 

Edição: Pedro Carrano