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Coronavírus

Governo do Paraná ainda recomenda a cloroquina para tratar Covid-19

Nota orientativa ainda é mantida do site da SESA mesmo após alerta

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O secretário de saúde do Paraná, Beto Preto, e o governador Ratinho Junior negociam novos comprimidos de cloroquina em 2020. - Rodrigo Félix Leal

No dia 25 de fevereiro, um dia antes do governador Ratinho Junior (PSD) decretar medidas mais restritivas no combate ao coronavírus e a nova Cepa, conselheiros do CES alertaram a Secretaria Estadual de Saúde que o site do governo ainda recomenda o uso da cloroquina no combate à Covid-19. Uma semana depois, a Nota 17/2020 segue entre as orientações da secretaria como “terapia adjuvante” a ser utilizada em pacientes em estado grave. Tanto a cloroquina como a hidroxicloroquina já foram rechaçadas no tratamento pela Organização Mundial de Saúde (OMS) após estudo publicado pela revista científica The BJM.

O uso e a divulgação da cloroquina até já foi abandonada pelo presidente Jair Bolsonaro, que é apoiado por Ratinho. Em live, o presidente admitiu. “Pode ser que lá na frente falem: ‘a chance é zero, era um placebo’. Tudo bem, paciência. Me desculpa. Tchau. Pelo menos não matei ninguém”.

Placebo ou não, no momento de colapso dos hospitais com 96% das UTIs ocupadas em todo o estado, a Secretaria de Saúde do Paraná ainda recomenda seu uso, ignorando os estudos mais recentes e os alertas feitos no Conselho Estadual de Saúde.

Desatualizada, a nota 17 diz que é “importante ressaltar que há dezenas de estudos clínicos nacionais e internacionais em andamento, avaliando a eficácia e segurança de cloroquina/hidroxicloroquina para infecção por COVID-19, bem como outros medicamentos, e, portanto, essa medida poderá ser modificada a qualquer momento, a depender de novas evidências científicas”. 

SESA mantém cloroquinha e hidroxicloroquina entre medicamentos para tratar doentes graves

O medicamento ineficaz é recomendado para “pacientes hospitalizados com formas graves da COVID-19: dispnéia, freqüência respiratória >=30/min, SpO2 <=93%, PaO2/FiO2 <300 e/ou infiltração pulmonar >50% dentro das 24 a 48” e em “Casos críticos da COVID-19: falência respiratória, choque séptico e/ou disfunção de múltiplos órgãos”.

Segundo a Agência Estadual de Notícias, o Paraná recebeu e usou no ano passado mais de “154 mil doses de hidroxicloroquina genérica do grupo farmacêutico Novartis/Sandoz”.

Mas, para o Conselho Nacional de Saúde (CNS), em uma nota de 22 de maio de 2020, se recomendou a imediata suspensão da prescrição por parte do Ministério da Saúde levando “consideração que a adoção da cloroquina/hidroxicloroquina é uma decisão política tomada por não especialistas em saúde e que o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) divulgou, no dia 21 de abril deste ano, documento contendo uma série de recomendações contra o uso da cloroquina, em especial, a hidroxicloroquina”.

Edição: Ana Carolina Caldas