Paraná

FALTA DE CONDIÇÕES

Aumenta o número de casos de Covid-19 em unidades dos Correios da região Oeste

Em Pato Branco, que decretou lockdown e apenas serviços essenciais estão funcionando, as unidades continuam abertas

Curitiba (PR) |
Empresa não afasta trabalhadores sintomáticos, não sanitiza unidades e nega EPIs básicos - Pacífico Medeiros S. Sobrinho / Correios

No Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) dos Correios de Toledo, dos 40 trabalhadores, 30 estão afastados por contaminação, sendo 12 casos confirmados e outros 18 sintomáticos, aguardando resultado dos testes. Hoje, houve a confirmação de contágio da zeladora, responsável pela limpeza, que é terceirizada. Os outros 10, mesmo tendo contato direito com os demais colegas doentes, não foram afastados por ainda estarem assintomáticos e alguns porque não conseguem atendimento nas unidades de saúde que estão superlotadas.

O CDD Toledo é uma unidade polo da região, que recebe carteiros de diversas outras cidades diariamente para prestar apoio logístico. Quase todos usam transporte coletivo e intermunicipal para trabalhar. O prédio da unidade é abafado, com pouca ventilação. Os trabalhadores que fazem a triagem e separação das cartas e encomendas dividem o mesmo espaço fechado com os veículos de entrega.

De acordo com o último boletim (24/02) da Secretária Estadual de Saúde, a região Oeste é a que está na pior situação de colapso no sistema hospitalar, com 98% das UTIs SUS ocupadas e havia somente 4 leitos livres. As duas únicas UTIs pediátricas existentes para Covid estavam ocupadas.

A situação caótica dos trabalhadores dos Correios de Toledo se repete por toda a região, castigada pelos altos índices de contaminação de covid e colapso no sistema de saúde.  Mesmo em cidades como Pato Branco, que decretou lockdown e somente serviços essenciais estão funcionando, as unidades dos Correios continuam abertas, com trabalhadores testando positivo para a covid diariamente e sem que a empresa adote qualquer providência, colocando em risco não somente a vida dessas mães e pais de família, como de toda a comunidade.

A maior reclamação do sindicato da categoria é de que os gestores de algumas unidades da região Oeste, mesmo cientes dos casos de contaminação, não afastam os trabalhadores que tiveram contato com infectados e os locais seguem abertos sem sanitização.

As máscaras são compradas pelos próprios trabalhadores porque a Empresa não tem fornecido e o distanciamento mínimo de 1,5 metro não é respeitado por fata de espaço físico.

“Nós estamos muito preocupados com a situação caótica de casos de covid nas unidades dos Correios nessa região [Oeste]. A direção dos Correios despreza a vida dos trabalhadores e quando confrontada exibe protocolos de segurança que existem somente no papel – que inclusive aceita até vírus”, denuncia a diretora jurídica do SINTCOM-PR, Beth Ortiz.  

A maior estatal de logística da América Latina que é também uma das maiores do mundo está passando por um processo nunca antes de visto de sucateamento, visando a privatização. Nesse processo, parece proposital que quanto mais vidas perdidas, mais facilitará a entrega dos Correios. Além de diminuir em 42% os salários da área operacional, após o dissídio, com apoio do TST, as mensalidades e coparticipação do plano de saúde aumentaram absurdamente, fazendo com que esses trabalhadores desistissem do plano, sobrecarregando ainda mais o SUS.

Edição: Pedro Carrano