Volta às aulas

Escolas de São Paulo já têm 741 casos confirmados de covid-19 e 1.133 suspeitos

Do total, 456 casos foram nas escolas estaduais, 14 nas municipais e 271 nas particulares

|
Em apenas 10 dias, a volta às aulas em São Paulo é marcada por casos de covid-19 tanta na rede pública quanto na rede privada - Foto: Reprodução

O primeiro balanço da volta às aulas presenciais em São Paulo, determinadas pelo governo de João Doria (PSDB), contabiliza 741 casos de covid-19 confirmados nas escolas, entre alunos e professores. Desses, 456 casos foram na rede estadual, 14 nas redes municipais e 271, na particular. Outros 1.133 casos suspeitos estão em análise.

Os dados constam do Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para a Covid-19 (Simed), plataforma que reúne informações sobre casos da infecção nas redes de ensino e foram divulgados nesta terça-feira (16) pelo secretário de Estado da Educação, Rossieli Soares. Os números confirmam as razões para a preocupação de famílias e trabalhadores contrários à volta às aulas em meio ao pior momento da pandemia no país.

:: Escolas de elite de São Paulo suspendem aulas por casos de covid-19 ::

Os dados contabilizam os casos notificados entre 2 de janeiro e 13 de fevereiro. Em janeiro, escolas da rede estadual abriram para orientação de estudantes e familiares sobre ensino remoto e entrega de kits, aulas de reforço, além das atividades de planejamento, iniciadas em 26 de janeiro.

“Recebemos poucos alunos nesse período, mas foi muito tumultuado. Teve problemas no planejamento, salas sem ventilação, aglomeração de pais e estudantes”, afirmou um coordenador pedagógico que pediu para não ser identificado.

Embora alegue que a voltas às aulas em meio à pandemia de covid-19 é segura, o governo Doria restringiu o acesso ao Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para a Covid-19, deixando a avaliação da retomada das atividades sem nenhuma transparência.

Somente um servidor de cada escola pode ser cadastrado e acessar o sistema, tanto para cadastrar casos suspeitos ou confirmados da doença na escola, quanto para monitorar a situação. “O cadastramento é extremamente burocrático, parece feito para desistirmos de informar as ocorrências de contaminação”, completou o coordenador.

Covid-19 nas escolas

Dos 456 casos na rede estadual, 83 foram de estudantes. Os demais de professores e outros trabalhadores da educação. Nove escolas estaduais foram fechadas na última semana.

Na rede privada, foram 130 casos de covid-19 em alunos e 141 em profissionais. Na semana passada, quatro escolas consideradas de elite tiveram parte das aulas suspensas por casos confirmados de covid-19 entre estudantes e professores.

Nas redes municipais, foi registrado apenas um caso em estudante e outros 13 em trabalhadores. O número baixo na rede municipal se deve principalmente ao prazo diferente de retorno desse sistema de educação, que iniciou a volta às aulas na segunda ou terceira semana de fevereiro.

A capital paulista, por exemplo, retomou as atividades de parte das escolas municipais na última segunda-feira (15).

O número de casos de covid-19 na volta às aulas nas escolas de São Paulo poderia ser bem maior se todas as cidades tivessem reaberto as escolas. Hoje, 129 das 645 cidades (20%) ainda não autorizaram a retomada das atividades no estado, mantendo unidades municipais e estaduais fechadas. E, segundo Soares, apenas 60% dos estudantes que podiam retomar as atividades compareceram. As escolas estaduais foram reabertas no dia 8 de fevereiro, e devem receber, diariamente, até 35% dos alunos matriculados.

Além disso, a rede privada tem total controle das informações que insere no sistema, já que o governo desconhece o número de professores, estudantes e outros trabalhadores. Por exemplo, profissionais terceirizados não são considerados nos dados. Nas redes municipais que possuem conselho de educação próprio, os dados também não precisam necessariamente ser inseridos no Simed.

Apeoesp

Para o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), essa situação leva à desconfiança dos dados apresentados pelo governo Doria.

“Se estão considerando todas as redes, esse número de 741 casos desde janeiro me parece subnotificado”, disse a presidenta da Apeoesp e deputada estadual, Professora Bebel (PT). O sindicato faz um monitoramento independente da pandemia nas escolas e conta 468 casos de covid-19 ocorridos em 278 escolas estaduais.

Com o grande número de casos de covid-19 registrados nas escolas com a volta às aulas, o governo Doria não prevê nenhum avanço na próxima semana. Todas as escolas devem continuar com 35% dos estudantes por sala. Além disso, em vez de 70%, o primeiro aumento da capacidade deve ser para 50%.