Paraná

Educação na pandemia

Educadores do Paraná mantêm greve contra retorno das aulas presenciais

Assembleia realizada nesta quarta (17) aprovou paralisação das atividades presenciais e manutenção de atividades remotas

via APP-Sindicato |
Direção da APP-Sindicato apresentou um calendário de lutas para manter a base mobilizada até o início da greve - Divulgação/APP-Sindicato

A APP-Sindicato aprovou em assembleia geral o adiamento da greve de professores e funcionários para o dia 1º de março ou quando forem retomadas as aulas presenciais. A paralisação será somente das atividades presenciais, mantendo as aulas online. A assembleia aconteceu em plataforma virtual, na noite desta quarta (17), com a participação de mais de mil profissionais de escolas do Paraná.

Uma greve estava convocada para iniciar nesta quinta-feira(18). Porém, após pressão da categoria, de prefeitos e outras lideranças, o governo do Paraná decidiu adiar o retorno presencial das aulas para primeiro de março. Diante disso, a direção do sindicato organizou uma assembleia da categoria para definir sobre o tema.

A Assembleia aprovou proposta construída em reunião do Conselho do sindicato ocorrida na véspera, com a participação de representantes dos 29 núcleos regionais do sindicato. Após a aprovação da nova data, a direção da APP apresentou um calendário de lutas para manter a base mobilizada até o início da greve.

O calendário prevê visitas às escolas a partir de 18 de fevereiro, para averiguar as condições sanitárias, de pessoal e tecnológicas das escolas. Um e-mail foi criado para receber denúncias de situações de irregularidades nas escolas ([email protected]). Nos dias 20 e 27,  educadores e educadoras vão participar de atividades com os pais nas escolas, para sensibilizá-los para o cuidado com a vida. No dia primeiro de março, a APP-Sindicato deve publicar um dossiê com as condições reais das escolas e número de contaminações de profissionais de educação.

Na avaliação de especialistas consultados pelo sindicato, não há protocolos suficientes para conter o contágio entre estudantes e profissionais. O sindicato também recebeu inúmeras denúncias de falta de condições sanitárias das escolas estaduais. “Falta álcool em gel, faltam máscaras e até água em algumas escolas”, salientou o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão.

Várias escolas estão anunciando fechamento por conta de casos de contaminação, após o governo exigir a presença de professores e funcionários durante a chamada “semana pedagógica”. “O governo ignorou os apelos do sindicato para que a formação dos profissionais acontecesse de forma online e o resultado já está aí: várias pessoas contaminadas e vários casos de estabelecimentos fechados por até duas semanas”, disse Hermes.

Segundo o presidente do sindicato, a situação pode ficar ainda pior caso o governo insista em retomar as atividades com os estudantes a partir de 1º de março. “Se com adultos temos dificuldade em conter o avanço da doença, imagina com milhares de estudantes transitando nas escolas, ônibus, podendo contaminar outras milhares de pessoas, inclusive pais, mães, avós?”,  questionou Hermes.

Nos próximos dias, dirigentes do sindicato intensificam visitas às escolas para verificação de situações de descumprimento de resoluções e decretos do próprio governo e conversarão com profissionais, pais, mães e estudantes sobre a decisão da categoria e defesa da vida das pessoas.

Edição: Lia Bianchini